Conheça a OFS

Histórico
Inicialmente, a "Ordem de Penitentes" tinha uma grande importância na sociedade civil; mas através dos tempos acabou sendo somente uma fraternidade piedosa. Em certa época, isto é no século XIX, o Papa Leão XIII esperava muito da renovada Terceira Ordem Secular, dando-lhe - para este fim - uma nova Regra. De acordo com a opinião normativa de Leão XIII, esta Ordem de São Francisco deveria fornecer, não somente o fundo espiritual da Igreja e da vida pública, mas devia ser também o portador e o verdadeiro instrumento da mensagem sócio-ética da Igreja para, desta maneira, minar as idéias do Marxismo. De fato, na segunda metade do século XIX, a Terceira Ordem Secular foi levada por uma dinâmica renovadora, tornando-se uma das organizações responsáveis pelas famosas "Semanas Sociais" na França, onde exigências sócio-políticas audaciosas foram formuladas. Depois de pouco tempo, porém, essa dinâmica foi cortada por intervenções eclesiais: Sob o Papa Pio X, foi-lhe proibido continuar ocupando-se de modo representativo do setor sócio-político. Desta maneira, uma grande chance se perdeu. Em muitos países, a Terceira Ordem Secular acabou ficando insignificante. 

Nos últimos decênios, porém, surgiu nova chance num outro nível: fraternidades de OFS, originalmente organizadas em volta de conventos da Primeira Ordem, estão começando a unir-se para formar federações nacionais. Finalmente, chegou-se até a uma unificação em nível mundial, dirigida por um Ministro Geral. Agora, esse Ministro (ou essa Ministra Geral, respectivamente) já é tão respeitado e reconhecido que chega a assinar documentos importantes junto com os Ministros Gerais das outras Ordens. A situação é promissora. Há uma chance real de que a "Religião da Encarnação", descoberta e proclamada por Francisco e Clara, seja promovida em todos os setores seculares. Também, a nova Regra vai contribuir para este fim, pois difere essencialmente de todas as Regras anteriores.

Até hoje, as fraternidades ainda se sentem comprometidas pelo "Memoriale", ou seja, a Regra aprovada pelo Papa Nicolau IV que é marcada por uma ascese sombria. Pelo contrário, a nova Regra, aprovada em 24 de junho de 1978 pelo Papa Paulo VI, é toda ela imbuída do autêntico espírito franciscano.

Citamos uma voz representativa das fraternidades da OFS da América do Norte: "A nova Regra paulina de 1978 convoca a Terceira Ordem Secular inequivocamente a fazer parte da 'vanguarda evangelizadora' (Bahia 1983, 17) junto com os outros ramos da família franciscana. Além dos muitos aspectos da missão, que elas têm em comum com os franciscanos e franciscanas das diversas Ordens, ou seja, a obrigação de anunciar o Reino de Deus pelo testemunho pessoal e modelar, a Terceira Ordem Secular, ainda tem - junto com outros movimentos de leigos - uma missão especial a cumprir, ou seja, 'a renovação da ordem secular no mundo' (Decreto sobre o Apostolado dos Leigos). Este empenho por uma renovação é 'o fermento' que coloca o coração e o espírito de Cristo nas coisas diárias dos homens e das mulheres que estão no mundo. Pela concentração em setores de atividades apostólicas, procuram dar-lhes uma conotação franciscana. Entre estes apostolados específicos é preciso nomear: o sagrado estado da família, o trabalho como uma dádiva recebida, capaz de valorizar o melhoramento da humanidade, o engajamento como vanguarda através de 'iniciativas corajosas em prol da justiça, da Paz e da preservação da Natureza isto é, o conjunto da criação animada ou inanimada, para protegê-la e preservá-la."

Como se organiza a OFS
A Ordem Franciscana Secular é a soma ou a união de todos os seus grupos existentes no mundo. Esses grupos, em linguagem franciscana, chamam-se e são “Fraternidades”, porque são agrupamentos de irmãos e irmãs espirituais que vivem de modo a partilhar entre si todos os seus bens conforme lhes permita o próprio estado de vida. Tais fraternidades são de vários graus ou níveis: o nível mais baixo – porém o mais importante – é o local e designa uma Fraternidade circunscrita a um determinado espaço: paróquia, casa religiosa, bairro, cidade, pequena região. É, porém uma Fraternidade perfeita no sentido de que não lhe falta coisa alguma para atingir sua finalidade: conselho, ministro, assistente, etc.

Em um nível mais alto, a Regra cita a Fraternidade regional que é o conjunto de todas as Fraternidades locais de um determinado território que estão ligadas entre si e que têm unitariamente, a própria organização.
 

Assim é fácil intuir o que seja uma “Fraternidade Nacional” e uma “Fraternidade Internacional”.
 

A Regra indica apenas esses quatro tipos de Fraternidades; todavia, nada impede que haja Fraternidades em nível intermediário, como, por exemplo, entre a local e a regional pode haver lugar para uma Fraternidade “sub-regional (distrital) que agrupe quatro, cinco, dez Fraternidades de uma região; e, ainda, que haja Fraternidades compostas de várias regiões – Fraternidades inter-regionais – e, talvez, ainda, “Fraternidades Continentais” etc.
 

A estrutura interna das fraternidades 

Quanto até agora foi exposto diz respeito à estrutura das Fraternidades em geral: todas devem ter um Conselho, um Ministro eleito pelos irmãos professos etc. Cada Fraternidade, porém, se estrutura do modo que melhor atenda às suas necessidades. Assim, por exemplo, uma Fraternidade pode criar dentro de si mesmos grupos especiais de jovens, de casados, de consagrados, de sacerdotes, de doentes, de assistência, de oração etc. Em suma, grupos que tenham “ministérios” a exercer. Assim, dependendo de suas atividades, as Fraternidades podem se organizar de maneiras diferentes; suas reuniões, também, podem ser feitas de modos diversos, conforme as preferências dos diversos grupos.
 

Obviamente, essa estrutura e essa atividade pluriformes encontram no Ministro e no Conselho os elementos de unidade entre os irmãos e, ao mesmo tempo, os animadores e os “distribuidores” dessas atividades entre eles. Por exemplo, as atividades do grupo de assistência, confiadas pelo Conselho a outros grupos, podem tornar-se fator de vitalidade mais intensa nesses grupos e, talvez até, inspirador de novas idéias no exercício da caridade, da prática do bem. “A Fraternidade local tem necessidade de ser erigida canonicamente, e assim se torna a célula primeira de toda a Ordem e um sinal visível da Igreja, que é uma comunidade de amor. Ela deverá ser o ambiente privilegiado para desenvolver o senso eclesial e a vocação franciscana e também para animar a vida apostólica de seus membros”.

Segundo o atual Código de Direito, para que uma Fraternidade tenha direito de “cidadania” na Igreja, ela deverá ser erigida canonicamente, isto é, ter o reconhecimento “oficial”.

Para se erigir canonicamente uma Fraternidade, exigem-se os seguintes requisitos: 1. três irmãos professos pelo menos; 2. autorização por escrito do Ordinário do lugar, onde não houver presença da Ordem I; 3. documento de ereção assinado pelo Superior competente da Família franciscana da qual a Fraternidade dependerá; 4. registro dos irmãos inscritos; 5. uma igreja ou oratório, onde se realizem as funções; 6. o conselho com o Ministro e o Assistente.
 

Fonte: “Ordem Franciscana Secular, uma forma de vida evangélica”, Frei Vicenzo Frezza, OFM Cap., Editora Vozes. 


Terceira Ordem - Ordem Franciscana Secular

Os franciscanos seculares constituem uma verdadeira Ordem na Igreja. Não formam um mero movimento ou associação qualquer. A OFS é uma ordem reconhecida como tal pela Igreja, que lhe apresenta uma forma de vida chamada Regra. 

Como tal, ela é acolhida, aceita e abençoada pela Igreja em todas as partes do mundo. Ela faz parte da grande Família Franciscana e contribui para a plenitude de seu carisma.
 

A Ordem Franciscana Secular é constituída por Fraternidades abertas a todos os cristãos seculares.
 


Nelas há lugar para jovens, para casados, viúvos e celibatários no mundo; para clérigos e leigos; para todas as classes sociais, todas as profissões, para todas as raças; para homens e mulheres. Há lugar para todos porque se busca viver segundo o Santo Evangelho como irmão e irmãs da penitência.


O projeto de vida de todo cristão e especialmente de todo franciscano secular é o seguimento da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme os ensinamentos que nos foram revelados através do Santo Evangelho. Por isso, "A Regra e a vida dos franciscanos seculares é esta: observar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o exemplo de São Francisco de Assis, que fez do Cristo o inspirador e o centro de sua vida com Deus e com os homens (Rg 4; 1Cel, 18, 115).

A OFS se articula em Fraternidades de vários níveis: local, regional, nacional e internacional. E toda fraternidade, de qualquer nível, goza de autonomia administrativa, econômica e financeira. Porém, as fraternidades dos diversos níveis estão coordenadas e ligadas entre si segundo a Regra, as CCGG, o ritual e os estatutos.

As relações entre a Juventude Franciscana (JUFRA) e a OFS devem ser marcadas pelo espírito de uma comunhão vital e recíproca. Por esta razão, a experiência vivida na Juventude Franciscana encontra a sua realização natural na OFS.
 

A padroeira da Ordem III é Santa Isabel da Hungria (imagem a cima).



A Ordem Franciscana Secular (OFS; em latim Ordo Franciscanus Saecularis) é a atual denominação da Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco de Assis (ou Irmãos e Irmãs da Penitência) uma organização da Igreja Católica destinada a reunir fiéisleigos e clero diocesano (a Terceira Ordem). Os membros da OFS procuram observar os Evangelhos seguindo os passos de SãoFrancisco de Assis em suas casas, trabalho e vida quotidiana.
§  Ordem primeira dos Frades Menores incumbia o apostolado de seguir os passos do nosso Senhor Jesus Cristo e de exemplo de obediência para a Igreja;
§  Ordem Segunda das Pobres Damas se dedicavam ao sacrifício, a oração e o amor a Deus no Claustro;
§  A Ordem Terceira a nobre missão de reavivar nas consciências a honestidade dos costumes e os sentimentos Cristãos de paz e caridade, destinada a homens e mulheres que sem deserção da própria família e sem renunciar as suas propriedades, pudessem levar a todos os sentimentos Cristãos e a estes os chamou de Irmãos da Penitência, conhecida hoje como Ordem Terceira Franciscana e seus membros tentam alcançar a perfeição Cristã.

Conceito
A Ordem Franciscana Secular é constituída por Fraternidades abertas a todos os cristãos seculares. Nelas há lugar para jovens, para casados, viúvos e celibatários no mundo; para clérigos e leigos; para todas as classes sociais, todas as profissões, para todas as raças; para homens e mulheres. Há lugar para todos porque se busca viver segundo o Santo Evangelho como irmão e irmãs da penitência.
Os franciscanos seculares constituem uma verdadeira Ordem na Igreja. Não formam um mero movimento ou associação qualquer, mas uma ordem reconhecida como tal pela Igreja, que lhe apresenta uma forma de vida chamada Regra.
História
Foi fundada por volta de 1221 para congregar os leigos que desejavam seguir São Francisco de Assis participando do movimento franciscano. Tem como padroeiros Santa Isabel da Hungria e São Luis IXRei de França.
O primeiro casal a seguir a vocação franciscana secular foi o Bem-Aventurado Luquésio (ou Lúcio) e sua esposa Buonadona. Sua memória comemora-se no dia 28 de abril.
Tantas outras pessoas ilustres participaram da Ordem, como Dante AlighieriThomas More, o Beato Pio IXPapa Leão XIIISão Pio XBeato João XXIII (e mais outros 2 papas), Chiara Lubich etc.
A primeira regra para conduzir a vivência dos irmãos terceiros foi aprovada, em 1289, pelo Papa Nicolau IV. Essa regra, com pequenas alterações, existiu até 1883 quando o Papa Leão XIII lhe aplicou grande reforma. Essa alteração visava ampliar a contribuição dos franciscanos seculares diante dos problemas sociais da época. Em 24 de junho de 1978, o Papa Paulo VI aprovou a Regra atualmente em vigor.
Filosofia
O projeto de vida de todo cristão e especialmente de todo franciscano secular é o seguimento da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme os ensinamentos que nos foram revelados através do Santo Evangelho. Por isso, "A Regra e a vida dos franciscanos seculares é esta: observar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o exemplo de São Francisco de Assis, que fez do Cristo o inspirador e o centro de sua vida com Deus e com os homens (Rg 4; 1Cel, 18, 115).
Fraternidades
Compõe-se de fraternidades que estão divididas em quatro níveis:
§  fraternidade local,
§  fraternidade regional
§  fraternidade nacional; e
§  fraternidade internacional.
Toda fraternidade, de qualquer nível, goza de autonomia administrativa, econômica e financeira, estando porém coordenadas e ligadas entre si segundo a Regra, as Constituições Gerais da OFS, o ritual e os estatutos.
As relações entre a Juventude Franciscana (JUFRA) e a OFS devem ser marcadas pelo espírito de uma comunhão vital e recíproca.
Membros
A OFS compõe-se de leigos católicos solteiros, casados, viúvos, divorciados e padres diocesanos, que testemunham em sua vida quotidiana o carisma franciscano, ao pregarem a Paz e o Bem. Há um período de formação inicial, após o qual o irmão faz sua profissão solene, uma promessa de vida evangélica conforme os ensinamentos de São Francisco.
Os requisitos para ingressar na OFS são os seguintes: viver em conformidade com a fé católica e os mandamentos da Santa Igreja; ser maior de 18 anos.
No Brasil
No Brasil, as primeiras ordens terceiras franciscanas foram formadas durante o século XVII. O órgão oficial da Ordem Franciscana Secular do Brasil é a Revista Paz e Bem. Reúne membros de todos os extratos da sociedade brasileira:
§  Políticos: Tancredo NevesPedro Simon
§  Bispos: Dom Hélder Câmara, Arcebispo Emérito de Olinda e Recife.

Ligações externas
Etapas para ingresso na Ordem
A Regra indica três fases sucessivas para a incorporação na Ordem.

1. Tempo de iniciação.
 Não se diz quanto deva durar; se dois, três ou seis meses. Todo Conselho, para determinar esse tempo, costuma levar em conta a cultura religiosa do candidato, seu comportamento etc. A determinação desse tempo poderá ser confiada aos Estatutos; em geral é deixada a critério dos conselhos locais. 

2. Tempo de formação
 de, ao menos, um ano. É o período do “Noviciado”. A Regra prescreve um tempo de ao menos um ano: não pode ser menos e pode ser mais de um ano. Se for mais, quanto? As Constituições ou os Estatutos particulares responderão. Deveria haver sempre um período elástico de tempo para que tanto a Ordem como o candidato pudessem, em comum acordo, determinar a data da Profissão.

3. A Profissão da Regra.
 Pela profissão o neoprofesso torna-se membro efetivo da Ordem e, por todos os direitos, membro de toda a família franciscana. Durante as duas etapas anteriores de formação o novo irmão deve ter recebido de seus formadores o necessário para viver o compromisso que vai assumir. Nesse processo ele foi ajudado e sustentado por um mestre expressamente designado para isso e, ainda, pelo ensinamento, pelo exemplo e pelas orações de toda a Fraternidade. 

Regra da OFS
CAPÍTULO I - A Ordem Franciscana Secular (OFS) ou Terceira Ordem Franciscana

1. Entre as famílias espirituais, suscitadas na Igreja pelo Espírito Santo, a Família Franciscana reúne todos aqueles membros do Povo de Deus, leigos, religiosos e sacerdotes, que se sentem chamados ao seguimento do Cristo, na trilha de São Francisco de Assis. Por modos e formas diversas, mas em recíproca comunhão vital, esses procuram tornar presente o carisma do comum Pai Seráfico na vida e na missão da Igreja.
 

2. No seio da dita família ocupa unia colocação específica a Ordem Franciscana Secular. Esta se configura como uma união orgânica de todas as fraternidades católicas espalhadas pelo mundo e abertas a todos os grupos de fiéis. Nelas os irmãos e as irmãs, impulsionados pelo Espírito a conseguir a perfeição da caridade no próprio estado secular, comprometem-se pela Profissão a viver o Evangelho à maneira de São Francisco e mediante esta Regra, confirmada pela Igreja.5

3. A presente Regra, após o "Memoriale Propositi"(1221) e após as Regras aprovadas pelos Sumos Pontífices Nicolau IV e Leão XII, adapta a Ordem Franciscana Secular às exigências e expectativas da Santa Igreja nas novas condições dos tempos. A sua interpretação compete à Santa Sé, porém a aplicação será feita pelas Constituições Gerais e por Estatutos particulares.
 
CAPÍTULO II: A forma de vida

4. A Regra e a vida dos franciscanos seculares é esta: observar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo o exemplo de São Francisco de Assis que fez do Cristo o inspirador e o centro da sua vida com Deus e com os homens. Cristo, dom de Amor do Pai, é o caminho para Ele, é a verdade na qual o Espírito Santo nos introduz, é a vida que Ele veio dar em superabundância. Os franciscanos seculares se empenhem, além disso, na leitura assídua do Evangelho, passando do Evangelho à vida e da vida ao Evangelho.

5. Os franciscanos seculares, portanto, procurem a pessoa vivente e operante do Cristo nos irmãos, na Sagrada Escritura, na Igreja e nas ações litúrgicas. A fé de Francisco, que ditou estas palavras: "Nada vejo corporalmente neste mundo do altíssimo Filho de Deus se não o seu santíssimo Corpo e o santíssimo Sangue", seja para eles inspiração e orientação da sua vida eucarística.

6. Sepultados e ressuscitados com Cristo no Batismo, que os torna membros vivos da Igreja, e a ela mais fortemente ligados pela Profissão, tornem-se testemunhas e instrumentos de sua missão entre os homens, anunciando Cristo pela vida e pela palavra.

Inspirados por São Francisco e com ele chamados a reconstruir a Igreja, empenhem-se em viver em plena comunhão com o Papa, os Bispos e os sacerdotes num confiante e aberto diálogo de criatividade apostólica.

7. Como "irmãos e irmãs de penitência", em virtude de sua vocação, impulsionados pela dinâmica do Evangelho, conforme o seu modo de pensar e de agir ao de Cristo, mediante uma radical transformação interior que o próprio Evangelho designa pelo nome de "conversão" a qual, devido à fragilidade humana, deve ser realizada todos os dias. Neste caminho de renovação, o sacramento da Reconciliação é sinal privilegiado da misericórdia do Pai e fonte de graça.

8. Assim como Jesus foi o verdadeiro adorador do Pai, façam da oração e da contemplação a alma do próprio ser e do próprio agir.

Participem da vida sacramental da Igreja, principalmente da Eucaristia, e se associem à oração litúrgica em uma das formas propostas pela mesma Igreja, revivendo assim os mistérios da vida de Cristo.

9. A Virgem Maria, humilde serva do Senhor, disponível à sua palavra e a todos os seus apelos, foi cercada por Francisco de indizível amor e foi por ele designada Protetora e Advogada da sua família. Que os franciscanos seculares testemunhem a Ela seu ardente amor pela imitação de sua incondicionada disponibilidade e pela efusão de sua confiante e consciente oração.

10. Unindo-se à obediência redentora de Jesus, que submeteu sua vontade à do Pai, cumpram fielmente as obrigações próprias da condição de cada um nas diversas situações da vida, e sigam o Cristo, pobre e crucificado, testemunhando-o, mesmo nas dificuldades e perseguições.

11. Cristo, confiado no Pai, embora apreciasse atenta e amorosamente as realidades criadas, escolheu para Si e para sua Mãe uma vida pobre e humilde. Assim, os franciscanos seculares procurem no desapego um justo relacionamento com os bens temporais, simplificando suas próprias exigências materiais. Estejam conscientes, pois, de que, segundo o Evangelho, são administradores dos bens recebidos em favor dos filhos de Deus.

Assim, no espírito das "Bem-aventuranças", se esforcem para purificar o coração de toda a inclinação e cobiça de posse e de dominação como "peregrinos e forasteiros" a caminho da casa do Pai.

12. Testemunhas dos bens futuros e comprometidos pela vocação abraçada à aquisição da pureza do coração, desse modo se tornarão livres para o amor a Deus e aos irmãos.

13. Assim como o Pai vê em qualquer homem os traços do seu filho, Primogênito entre muitos irmãos, os franciscanos seculares acolham todos os homens com humilde e benevolente disposição, como um dom do Senhor e imagem de Cristo.

O senso de fraternidade os tornará alegres e dispostos a identificar-se com todos os homens, especialmente com os mais pequeninos, para os quais procurarão criar condições de vida dignas de criaturas remidas por Cristo.

14. Chamados, juntamente com todos os homens de boa vontade, a fim de construir um mundo mais fraterno e evangélico para a realização do Reino de Deus, cônscios de que "cada um que segue o Cristo, Homem perfeito, também se torna ele próprio mais homem", exerçam com competência as próprias responsabilidades no espírito cristão de serviço.

15. Estejam presentes pelo testemunho da própria vida humana, e ainda por iniciativas corajosas, individuais e comunitárias, na promoção da justiça, em particular, no âmbito da vida pública, comprometendo-se em opções concretas e coerentes com sua fé.

16. Estimem o trabalho como um dom e como uma participação na criação, redenção e serviço da comunidade humana.

17. Em sua família vivam o espírito franciscano da paz, da fidelidade e do respeito à vida, esforçando-se para fazer dela o sinal de um mundo já renovado em Cristo. Os esposos, em particular, vivendo as graças do matrimônio, testemunhem no mundo o amor de Cristo à sua Igreja. Por uma educação cristã simples e aberta, atentos à vocação de cada um, caminhem alegremente com os filhos em seu itinerário humano e espiritual.
 

18. Tenham, além disso, respeito pelas criaturas, animadas e inanimadas, que "do Altíssimo recebem significação" e procurem com afinco passar da tentação do aproveitamento para o conceito franciscano da Fraternização universal.

19. Como portadores de paz e conscientes de que ela deve ser construída incessantemente, procurem os caminhos da unidade e dos entendimentos fraternos mediante o diálogo, confiando na presença do germe divino que existe no homem e na força transformadora do amor e do perdão.

Mensageiros da perfeita alegria, em qualquer situação, procurem levar aos outros a alegria e a esperança. Inseridos na Ressurreição de Cristo, que dão verdadeiro sentido à Irmã Morte, encaminhem-se serenamente ao encontro definitivo com o Pai.
 
CAPÍTULO III: A vida em fraternidade

20. A Ordem Franciscana Secular se divide em fraternidade de vários níveis: local, regional, nacional e internacional. Cada qual delas tem sua própria personalidade moral na Igreja. Essas fraternidades dos diversos níveis estão coordenadas e ligadas entre si segundo a norma desta Regra e das Constituições.
 

21. Nos diversos níveis, cada fraternidade é animada e dirigida por um Conselho e um Ministro (ou Presidente), que são eleitos pelos Professos de acordo com as Constituições.

Seu serviço, que é temporário, é um cargo de disponibilidade e de responsabilidade em favor de cada indivíduo e dos grupos.

As fraternidades, internamente, se estruturam de acordo com as Constituições, de modo diverso, segundo as variadas necessidades dos seus membros e das suas regiões, sob a direção do respectivo Conselho.

22. A fraternidade local tem necessidade de ser erigida canonicamente, e assim se torna a célula primeira de toda a Ordem e um sinal visível da Igreja, que é uma comunidade de amor. Ela deverá ser o ambiente privilegiado para desenvolver o senso eclesial e a vocação franciscana e também para animar a vida apostólica de seus membros25
 

23. Os pedidos de admissão à Ordem Franciscana Secular são apresentados a uma fraternidade local, cujo Conselho decide sobre a aceitação dos novos lrmãos.
 

A incorporação na fraternidade se realiza mediante um tempo de iniciação, um tempo de formação de, ao menos, um ano e pela Profissão da Regra. Em tal itinerário gradual está empenhada toda a fraternidade, também no seu modo de viver. Quanto à idade para a Profissão e ao distintivo franciscano, é assunto a ser regulado pelos Estatutos. A profissão, por sua natureza, é um compromisso perpétuo.
 

Os membros que se encontram em dificuldades particulares cuidarão de tratar dos seus problemas com o Conselho num diálogo fraterno. A separação ou demissão definitiva da Ordem, se realmente necessária, é ato de competência do Conselho da Fraternidade, de acordo com a norma das Constituições.

24. Para estimular a comunhão entre os membros, o Conselho organize reuniões periódicas e encontros freqüentes, também com outros grupos franciscanos, especialmente de jovens, adotando os meios mais apropriados para um crescimento na vida franciscana e eclesial, estimulando cada um para a vida de fraternidade. Uma tal comunhão é continuada com os irmãos falecidos pelo oferecimento de sufrágios por suas almas.
 

25. Para as despesas que ocorrem na vida da fraternidade e para as necessárias obras do culto, do apostolado e da caridade, todos os irmãos e irmãs oferecem uma contribuição na medida de suas próprias possibilidades. Seja um cuidado das fraternidades locais contribuírem para o pagamento das despesas dos Conselhos das Fraternidades de grau superior.
 

26. Em sinal concreto de comunhão e de co-responsabilidade, os Conselhos, nos diversos níveis, de acordo com as Constituições, solicitarão aos Superiores das quatro Famílias Religiosas Franciscanas, às quais, desde séculos, a Fraternidade Secular está ligados, religiosos idôneos e preparados para a assistência espiritual. Para favorecer a fidelidade ao carisma e a observância da Regra e para se terem maiores auxílios na vida da fraternidade, o Ministro (ou Presidente), de acordo com seu Conselho, seja solícito em pedir periodicamente a visita pastoral aos competentes Superiores religiosos e a visita fraterna aos responsáveis de nível superior, segundo as Constituições.

"E todo aquele que isto observar, seja repleto no céu da bênção do altíssimo Pai, e seja na terra cumulado com a bênção do seu dileto Filho, juntamente com o Santíssimo Espírito Paráclito".

INSTITUTO SECULAR PEQUENA FAMÍLIA FRANCISCANA


 NOSSO CARISMA
- A plena consagração da vida segundo os Conselhos Evangélicos
- Viver a vida de união com Deus, na cela da alma, no meio mundo;
- Viver a mensagem evangélica sendo luz, sal e fermento no ambiente onde vive



NOSSOS OBJETIVOS
-Prestar um serviço constante e generoso à Igreja... exercendo uma profissão secular, para animar e orientar cristãmente as realidades terrestres... dilatando o Reino de Cristo.
- Difundir o espírito franciscano no mundo
HISTÓRICO
Instituto Secular Pequena Família Franciscana

Nas primeiras décadas do século 20, surgiu uma nova forma de vida que revolucionava o panorama das vocações da Igreja, uma vez que oferecia a possibilidade de conjugar a condição secular com a consagrada a Deus, até então reservada aos religiosos mediante os votos de pobreza, castidade e obediência.

Desde então, até nossos dias, são numerosos os Institutos Seculares que surgiram em todo o mundo, cada um com a sua própria espiritualidade. Seus membros, homens e mulheres, vivem no mundo exercendo sua profissão em todos âmbitos da vida social, política, econômica, cultural e eclesial, com plena fidelidade a Deus e aos irmãos, mediante a renúncia ao matrimônio, à oração diária e a um estilo de vida pobre e obediente.

A família franciscana pode-se dizer que foi pioneira neste sentido, pois sua espiritualidade conjuga oração, missão e contemplação, e valoriza, em Deus, todo o ser criado e todos os aspectos da vida humana. Isso vale, principalmente, para a Ordem Franciscana Secular (OFS), idealizada por São Francisco como instrumento eficaz para o apostolado e a santificação dos seculares. Por isso, tem sido a OFS a que mais tem contribuído para colocar as bases do nascimento e desenvolvimento dos Institutos Seculares de inspiração franciscana.

Alguns seculares franciscanos, animados pelo desejo de viver a vocação secular de forma mais radical, têm optado por esta forma de consagração no mundo, que os permite permanecer em sua própria situação (trabalho, família e outros compromissos), sem deixar por isso de buscar uma união mais profunda com Deus.
Os dois Institutos Seculares mais antigos são as Missionárias da Realeza (Missionários) de Cristo e a Pequena Família Franciscana, sendo que a PFF foi fundada em Bréscia, na Itália, em 26 de dezembro de 1929, por inspiração e obra do franciscano Ireneo Mazzotti, ofm, que obteve o reconhecimento oficial em 1961. Conta com membros na Itália, Áustria, Bélgica, Croácia, França, Malta, Canadá, Espanha, Argentina, Paraguai, Chile e México.
 

No Brasil, ela foi fundada em 8 de dezembro de 1953, em João Pessoa, na Paraíba, e hoje conta com 240 membros. A PFF está dividida em quatro regiões no Brasil: Nordeste "A" - Paraíba, Maranhão, Rio Grande do Norte e Pernambuco; Nordeste "B" - Bahia, Sergipe e Alagoas; Centro - Minas Gerais; e Região Sul - Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
 

Terceira Ordem:
A Terceira Ordem é dividida em:

a) Terceira Ordem Regular (TOR): É formada por Congregações masculinas e femininas de espiritualidade franciscana.

b) Terceira Ordem Secular: Às pessoas já comprometidas no matrimônio e com suas profissões, Francisco mostrou o caminho de comunidades leigas, comprometidas de viver, dentro dos seus compromissos, o ideal evangélico, com particular esforço para testemunhar a simplicidade, obediência aos Mandamentos de Deus, sendo promotores da Paz e do Bem.
Surgiu, assim, por volta do ano 1221, o movimento franciscano chamado Ordem Franciscana Secular, ou Terceira Ordem Franciscana.

Institutos Seculares: Hoje, fala-se muito de Institutos Seculares de vida consagrada. Entre eles existem quatro que se caracterizam como franciscanos. Os (as) Missionários (as) da Realeza de Cristo, Missionários de São Francisco, Seara e a Pequena Família Franciscana. São leigos (as) que professam os conselhos evangélicos de pobreza, obediência e castidade, permanecendo, contudo, na própria família e na profissão.
Juventude Franciscana - Jufra: é uma proposta de vivência cristã, destinada aos jovens que, por vocação ou carisma, se comprometem com um ideal inspirado na espiritualidade cristã.
 
O objetivo da Jufra é despertar os jovens para a vivência franciscana, levando-os a uma experiência de fraternidade, criando condições para que viva o Evangelho no contexto da realidade atual, buscando a transformação da sociedade à luz do carisma franciscano
FAÇA PARTE DA PERQUENA FAMILIA FRANCISCANA


"Viver no mundo sem ser do mundo"
A Pequena Família Franciscana

Tem como mestre:
JESUS CRISTO


Exemplo:
São Francisco de Assis e Santa Clara

Modelo:

Maria Santíssima


Fundadores:
Pe. Ireneo Mazzotti, ofm
Vincenza Stroppa, ofs


Você deseja e luta por um mundo mais justo, fraterno e solidário...
Você crê no verdadeiro amor, e deseja doar-se aos que precisam, sem no entanto, deixar o âmbito familiar...



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Critérios para aceitação:- Idade normalmente entre 19 e 40 anos.
- Condições de tempo de liberdade (interior e exterior) , e de sustento próprio para assumir seus compromissos.
- Saúde física, psíquica e espiritual



ENDEREÇOS DA PEQUENA FAMILIA FRANCISCANA NO BRASIL


- Rua São Bernardo, 326
Tatuapé
CEP 03304-000 - São Paulo - SP

- Rua Principal, 1115
Fone: (0xx31) 3638-0756 / 3639-6467 / 3332-6748 / 3413-6523
33800-220 - Ribeirão das Neves (Areias) - MG



- Casa Central 
Rua Jerônimo Vilela, 515 - Campo Grande 
52040-180 Recife - PE

- Rua Bernardo Mascarenhas, 1259
Fábrica - Juiz de Fora / MG
Cep: 36080-001
Telefone: (0xx32) 3211-4376



- Rua São José, 13
Santos Dumont / MG
Cep: 36240-000
Telefone: (0xx32) 3251-1840



- Alameda Bons Ares, 4 
Brotas
CEP 40295-230 - Salvador - BA



- Centro Latino Americano
Email: ispff@uol.com.br
Rua Conselheiro Crispiniano, 94 - 3° andar
Ap 32 - Centro - São Paulo
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1. Tau


Há certos sinais que revelam uma escolha de vida. O TAU, um dos mais famosos símbolos franciscanos, hoje está presente no peito das pessoas num cordão, num broche, enfeitando paredes numa escultura expressiva de madeira, num pôster ou pintura. Que escolha de vida revela o TAU? Ele é um símbolo antigo, misterioso e vital que recorda tempo e eternidade. A grande busca do humano querendo tocar sempre o divino e este vindo expressar-se na condição humana. 
Horizontalidade e verticalidade. As duas linhas: Céu e Terra! Temos o símbolo do TAU riscado nas cavernas do humano primitivo. Nos objetos do Faraó Achenaton no antigo Egito e na arte da civilização Maia. Francisco de Assis o atualizou e imortalizou. Não criou o TAU, mas o herdou como um símbolo seu de busca do Divino e Salvação Universal.


O TAU NA IDADE MÉDIA
Vimos o significado salvífico que a letra hebraica do TAU recebe na Bíblia. Mas o TAU tem também um significado extrabíblico, bastante divulgado na Idade Média: perfeição, meta, finalidade última, santo propósito, vitória, ponto de equilíbrio entre forças contrárias. A sua linha vertical significa o superior, o espiritual, o absoluto, o celeste. A sua linha horizontal lembra a expansão da terra, o material, à carne. O TAU lembra a imagem do sustentáculo da serpente bíblica: clavada numa estaca como sinal da vitória sobre a morte. Uma vitória mística, isto é, nascer para uma vida superior perfeita e acabada. É cruz vitoriosa, perfeição, salvação, exorcismo. Um poder sobre as forças hostis, um talismã de fé, um amuleto de esperança usado por gente devota sensível.
O TAU DO PENITENTE
Francisco de Assis viveu em um ambiente no qual o TAU estava carregado de uma grande riqueza simbólica e tradicional. Assumiu para si a marca do TAU como sinal de sua conversão e da dura batalha que travou para vencer-se. Não era tão fácil para o jovem renunciar seus sonhos de cavalaria para chegar ao despojamento do Crucificado que o fascinou. Escolhe ser um cavaleiro penitente: eliminar os excessos, os vícios e viver a transparência simples das virtudes. Na sua luta interior chegou a uma vitória interior. Um homem que viveu a solidão e o desafio da comunhão fraterna; que viveu o silêncio e a canção universal das criaturas; que experimentou incompreensão e sucesso, que vestiu o hábito da penitência, que atraiu vidas, encontrou um modo de marcar as paredes de Santa Maria Madalena em Fontecolombo, de assinar cartas com este sinal. De lembrar a todos que o Senhor nos possui e nos salva sob o signo do TAU.
O TAU FRANCISCANO
O TAU franciscano atravessa oito séculos sendo usado e apreciado. É a materialização de uma intuição. Francisco de Assis é um humano que se move bem no universo dos símbolos. O que é o TAU franciscano? É Verdade, Palavra, Luz, Poder e Força da mente direcionada para um grande bem. Significa lutar e discernir o verdadeiro e o falso. É curar e vivificar. É eliminar o erro, a mentira e todo o elemento discordante que nega a paz. É unidade e reconciliação. Francisco de Assis está penetrado e iluminado, apaixonado e informado pela Palavra de Deus, a Palavra da Verdade. É um batalhador incansável da Paz, o Profeta da Harmonia e Simplicidade. É a encarnação do discernimento: pobre no material, vencedor no espiritual. Marcou-se com este sinal da luz, vida e sabedoria.

O TAU COMO IDEAL
No mês de novembro de 1215, o Papa Inocêncio III presidia um Concílio na Igreja Constantiniana de Roma. Lá estavam presentes 1.200 prelados, 412 bispos, 800 abades e priores. Entre os participantes estavam São Domingos e São Francisco. Na sessão inaugural do Concílio, no dia 11 de novembro, o Papa falou com energia, apresentou um projeto de reforma para uma Igreja ferida pela heresia, pelo clero imerso no luxo e no poder temporal. Então, o Papa Inocêncio III recordou e lançou novamente o signo do TAU de Ezequiel 9, 1-7. Queria honrar novamente a cristandade com um projeto eclesial de motivação e superação. Era preciso uma reforma de costumes. Uma vida vivida numa dimensão missionária mais vigorosa sob o dinamismo de uma contínua conversão pessoal. São Francisco saiu do Concílio disposto a aceitar a convocação papal e andou marcando os irmãos com o TAU, vibrante de cuidado, ternura e misericórdia aprendida de seu Senhor.
O TAU NAS FONTES FRANCISCANAS
Os biógrafos franciscanos nos dão testemunhos da importância que São Francisco dava ao TAU: "O Santo venerava com grande afeto este sinal", "O sinal do TAU era preferido sobre qualquer outro sinal", "O recomendava, freqüentemente, em suas palavras e o traçava com as próprias mãos no rodapé das breves cartas que escrevia, como se todo o seu cuidado fosse gravar o sinal do TAU, segundo o dito profético, sobre as fontes dos homens que gemem e lutam convertidamente a Jesus", "O traçava no início de todas as suas ações", "Com ele selava as cartas e marcava as paredes das pequenas celas" (cf. LM 4,9; 2,9; 3CEL 3). Assim Francisco vestia-se da túnica e do TAU na total investidura de um ideal que abriu muitos caminhos.
TAU, SINAL DA CRUZ VITORIOSA
Cruz não é morte nem finitude, mas é força transformante; é radicalidade de um Amor capaz de tudo, até de morrer pelo que se ama. O TAU, conhecido como a Cruz Franciscana, lembra para nós esta deslumbrante plenitude da Beleza divina: amor e paz. O Deus da Cruz é um Deus vivo, que se entrega seguro e serenamente à mais bela oferenda de Amor. Para São Francisco, o TAU lembra a missão do Senhor: reconciliadora e configuradora, sinal de salvação e de imortalidade; o TAU é uma fonte da mística franciscana da cruz: quem mais ama, mais sofre, porque muito ama, mais salva. Um poeta dos primeiros tempos do franciscanismo conta no "Sacrum Comercium", a entrega do sinal do TAU à Dama Pobreza pelo Senhor Ressuscitado, que o chama de "selo do reino dos céus". À Dama Pobreza clamam os menores: "Eia, pois, Senhora, tem compaixão de nós e marca-nos com o sinal da tua graça!" (SC 21,22).
O TAU E A BÊNÇÃO
Francisco se apropriou da bênção deuteronômica, transcreveu-a com o próprio punho e deu a Frei Leão: "Que o Senhor te abençoe e te guarde. Que o Senhor mostre a tua face e se compadeça de ti. Que o Senhor volva o teu rosto para ti e te dê a paz. Irmão Leão; o Senhor te abençoe!" Sob o texto da bênção, o próprio Frei Leão fez a seguinte anotação: "São Francisco escreveu esta bênção para mim, Irmão Leão, com seu próprio punho e letra, e do mesmo modo fez a letra TAU como base". Assim, Francisco, num profundo momento de comunicação divina, com delicadeza paternal e maternal, abençoa seu filho, irmão, amigo e confidente. Abençoar é marcar com a presença, é transmitir energias que vêm da profundidade da vida. O Senhor te abençoe!
O TAU E A CURA DOS ENFERMOS
No relato de alguns milagres, conta-se que Francisco fazia o sinal da cruz sobre a parte enferma dos doentes. Após ter recebido os estigmas no Monte Alverne, Francisco traz em seu corpo as marcas do Senhor Crucificado e Ressuscitado. Marcado pelo Senhor, imprime a marca do Senhor que salva em tudo o que faz. Conta-nos um trecho das Fontes Franciscanas que um enfermo padecia de fortes dores; invoca Francisco e o santo lhe aparece e diz que veio para responder ao seu chamado, que traz o remédio para curá-lo. Em seguida, toca-lhe no lugar da dor com um pequeno bastão arrematado com o sinal do TAU, que traz consigo. O enfermo ficou curado e permaneceu em sua pele, no lugar da dor, o sinal do TAU (cf. 3Cel159). O Senhor identifica-se com o sofrimento de seu povo. Toma a paixão do humano e do mundo sobre si. Afasta a dor e deixa o sinal de Amor.
A COR DO TAU
O TAU, freqüentemente, é reproduzido em madeira, mas quando, pintado, sempre vem com a cor vermelha. O Mestre Nicolau Verdun, num quadro do século XII, representa o Anjo Exterminador que passa enquanto um israelita marca sobre a porta de sua casa um TAU com o Sangue do Cordeiro Pascal que se derrama num cálice. O Vermelho representa o sangue do Cordeiro que se imola para salvar. Sangue do Salvador, cálice da vida! Em Fontecolombo, Francisco deixou o TAU grafado em vermelho. O TAU pintado na casula de Frei Leão no mural de Greccio também é vermelho. O pergaminho escrito para Frei Leão no Monte Alverne, marca em vermelho o Tau que assina a bênção. O Vermelho é símbolo da vida que transcende, porque se imola pelos outros. Caminho de configuração com Jesus Crucificado para nascer na manhã da Ressurreição.
O TAU NA LINGUAGEM
O TAU é a última letra do alfabeto judaico e a décima nona letra do alfabeto grego. Não está aí por acaso; um código de linguagem reflete a vivência das palavras. O mundo judaico e, conseqüentemente, a linguagem bíblica mostram a busca do transcendente. É preciso colocar o Deus da Vida como centro da história. É a nossa verticalidade, isto é, o nosso voltar-se para o Alto. O mundo grego nos ensinou a pensar e perguntar pelo sentido da vida, do humano e das coisas. Descobrir o significado de tudo é pisar melhor o chão, saber enraizar-se. É a nossa horizontalidade. A Teologia e a Filosofia são servas da fé e do pensamento. Quem sabe onde está parte para vôos mais altos. É como o galho de pessegueiro, cortado em forma de Tau é usado para buscar veios d'água. Ele vibra quando a fonte aparece cheia de energia. Coloquemos o Tau na fonte de nossas palavras!
O TAU, O CORDÃO E OS TRÊS NÓS
Em geral, o Tau pendurado no pescoço por um cordão com três nós. Esse cordão significa o elo que une a forma de nossa vida. O fio condutor do Evangelho. A síntese da Boa Nova são os três conselhos evangélicos=obediência, pobreza, pureza de coração. Obediência significa acolhida para escutar o valor maior. Quem abre os sentidos para perceber o maior e o melhor não tem medo de obedecer e mostra lealdade a um grande projeto. Pobreza não é categoria econômica de quem não tem, mas é valor de quem sabe colocar tudo em comum. Ser pobre, no sentido bíblico-franciscano, é a coragem da partilha. Ser puro de coração é ser transparente, casto, verdadeiro. É revelar o melhor de si. Os três nós significam que o obediente é fiel a seus princípios; o pobre vive na gratuidade da convivência; o casto cuida da beleza do seu coração e de seus afetos. Tudo isto está no Tau da existência!
USAR O TAU É LEMBRAR O SENHOR
Muita gente usa o Tau. Não é um amuleto, mas um sacramental que nos recorda um caminho de salvação que vai sendo feito ao seguir, progressivamente, o Evangelho. Usar o TAU é colocar a vida no dinamismo da conversão: Cada dia devo me abandonar na Graça do Senhor, ser um reconciliado com toda a criatura, saudar a todos com a Paz e o Bem. Usar o TAU é configurar-se com aquele que um dia ilumina as trevas do nosso coração para levar-nos à caridade perfeita. Usar o TAU é transformar a vida pela Simplicidade, pela Luz e pelo Amor. É exigência de missão e serviço aos outros, porque o próprio Senhor se fez servo até a morte e morte de Cruz.
Por Frei Vitório Mazzuco, OFM

2. Crucifixo de São Damião
O Crucifixo de São Damião foi pintado no século XI por um desconhecido artista da Úmbria, região da Itália. A pintura é de estilo romântico, sob clara influência oriental: o pedestal sobre o qual estão os pés de Cristo pregados separadamente; e de influência siríaca: a barba de Cristo; a face circundada pelo emoldurado dos cabelos; a presença dos anjos e cruz com a longa haste segurada na mão, por Cristo (só visível na pintura original), no alto, encimando a cruz. 

O Crucifixo original de São Damião está guardado com grande zelo pelas irmãs Clarissas, na Basílica de Santa Clara de Assis, e é visitado por estudiosos, devotos e turistas do mundo todo. É um monumento histórico franciscano e universal. 
Outros dados

• Sem o pedestal, o Crucifixo original mede dois metros e dez centímetros de altura e um metro e trinta centímetros de largura. 
• A pintura foi feita em tela tosca, colada sobre madeira de nogueira. 
• Naquele tempo, nas pequenas igrejas, o Santíssimo não era conservado, isto é, a Eucaristia não era guardada mas, consumida no dia. Por isso, supõe-se que Crucifixo foi pendurado no ábside sobre o altar da capela, no centro da Igreja. 
• Provavelmente o Crucifixo permaneceu na Igreja de São Damião até que as Irmãs Pobres, em 1257, o levaram consigo à nova Basílica de Santa Clara. Guardaram-no no interior do coro monástico por diversos séculos. No ano de 1938, a artista Rosária Alliano restaurou o Crucifixo com grande perícia, protegendo-o inclusive contra qualquer deterioração. 
• Desde 1958 ele está sobre o altar, ao lado da capela do Santíssimo, na Basílica de Santa Clara, protegido por vidro. 
Descrição detalhada da pintura
Descobre-se, à primeira vista, a figura central do Cristo, que domina o quadro pela sua imponente dimensão e pela luz que sua esplêndida e branca figura difunde sobre todas as pessoas que o circundam e que estão todas vivamente voltadas para Ele. Esta luz vivificante que brota do interior de sua Pessoa (Jo, 8,12) fica ainda mais destacada pelas fortes cores, especialmente o vermelho e o preto. 
Também impressiona este Cristo ereto sobre a cruz e não pendurado nela, com os olhos abertos, olhando o mundo. 
Apresenta ainda uma auréola de glória com a cruz triunfante oriental em vez de uma coroa de espinhos, porque tornou-se vitorioso na paixão e na morte. 
Aparecem os sinais de crucificação e as feridas sangrentas mas o sangue redentor se derrama sobre os anjos e santos (sangue das mãos e dos pés) e sobre São João (sangue do lado direito). 
Cristo se apresenta vivo, ressuscitado (Jo 12,32), de pé sobre o sepulcro vazio e aberto (indicado pela cor preta), visível por trás. Com as mãos estendidas, Cristo está para subir ao céu (Jo 12,32). 
A inscrição acima da cabeça de Cristo, "Jesus Nazarenus Rex Judaeorum" Jesus Nazareno Rei dos Judeus é também própria do Evangelho de João. 
Sobre a inscrição, está a ascensão em forma dinâmica, na figura do Cristo ascendente, com o troféu da cruz gloriosa na mão esquerda (só visível na pintura original) e com a mão direita para a mão do Pai, no céu. 
Do alto, a mão direita do Pai acolhe o seu Filho, circundado dos anjos (e santos) na glória celeste. 
As cores vermelha e púrpura são símbolos do divino; o verde e o azul, do terrestre. Para "ver" bem o conjunto da pintura, deve-se realmente parar diante do Crucifixo pois, ordinariamente, olha-se a imagem somente, de longe, como "turistas". 
À direita do corpo de Cristo, aparecem as figuras de Maria e João, intimamente unidas, enquanto Maria indica o discípulo predileto com a mão direita (Jo 19,26). À esquerda, estão as duas mulheres, Maria Madalena e Maria de Cléofas, primeiras testemunhas da ressurreição (Jo 19,25). 
E, embora Maria, à direita e Maria Madalena, à esquerda, ergam a mão direita no rosto em sinal de dor, nenhuma das outras pessoas próximas, manifesta expressão de sofrimento profundo mas uma adesão cheia de fé ao Cristo vitorioso, Salvador. 
À direita das duas mulheres vê-se o centurião com a mão erguida, olhando para o Crucifixo. Com esse gesto está a dizer: "Verdadeiramente este é o Filho de Deus". 
Sobre os ombros do centurião aparece a cabeça de uma pessoa em miniatura, cuja identidade se discute: poderia ser o filho do centurião, curado por Jesus (Jo 4,50) ou um representante da multidão ou ainda, o autor desconhecido da pintura. 
Aos pés de Maria e do centurião, vê-se o soldado chamado Longino que, pela tradição, com a lança traspassa o lado de Jesus e, o portador da esponja, chamado de Estepatão, segundo a tradição (Jo 19,29). Ambos estão voltados para o Crucifixo. 
Debaixo das mãos de Jesus, à direita e à esquerda, encontram-se dois anjos com as mãos erguidas, em intenso colóquio. Parecem anunciar a ressurreição e ascensão do Senhor. 
As duas pessoas, à extrema direita e esquerda, parecem anjos ou talvez mulheres que acorrem ao sepulcro vazio. 
Aos pés de Jesus a pintura original encontra-se muito deteriorada. É provável que seja: São Damião, São Rufino, São João Batista, São Pedro e São Paulo. Acima da cabeça de São Pedro, está a figura do galo (só visível na pintura original), a lembrar a negação de Pedro a Cristo (Jo 13,38; 18, 15-27). 
As pessoas aos pés de Jesus têm a cabeça erguida para o alto, expressando a espera do retorno glorioso do Senhor, no juízo. 
Deste Crucifixo descrito em detalhes, Francisco teve uma inspiração "decisiva" para a sua vida, diz Caetano Esser. Passamos a descrevê-la porque é deste fato que se originou a admiração que hoje temos ao Crucifixo de São Damião. 
O Crucifixo fala a Francisco
O jovem Francisco encontrava-se numa crise espiritual, cheio de dúvidas e trevas. "Conduzido pelo Espírito", entra na igrejinha de São Damião, onde se prostra, súplice, diante do Crucifixo. Tocado de modo extraordinário pela graça divina, encontra-se totalmente transformado. É então que a imagem de Cristo Crucificado lhe fala: "Francisco, vai e repara minha casa que está em ruína". 
Francisco fica cheio de admiração e "quase perde os sentidos diante destas palavras". Mas logo se dispõe a cumprir esse "mandato" e se entrega todo à obra, reconstruindo a igrejinha. Depois pede a um sacerdote, dando-lhe dinheiro, que providencie óleo e lamparina para que a imagem do Crucifixo não fique privada de luz, mas em destaque naquele santuário. 
A partir de então, nunca se esqueceu de cuidar daquela igrejinha e daquela imagem. 
Francisco parecia intimamente ferido de amor para o Cristo Crucificado, participando da paixão do Senhor, de quem já trazia os estigmas no coração e mais tarde, em 1224, receberia as chagas do Cristo em seu próprio corpo. 
Segundo Santa Clara, está visão do Crucifixo foi um êxtase de amor radiante e impulso decisivo para a conversão de Francisco. 
Entre os estudiosos ainda existe uma dúvida a ser esclarecida: ao ouvir o Cristo do Crucifixo, Francisco pensa na igrejinha material de São Damião. Mas nada impede de se pensar que se trata do "templo de Cristo no coração de Francisco e nos corações dos homens". 
Enfim, a própria oração de Francisco diante do Crucifixo de São Damião sugere antes a reparação "espiritual" da casa do Senhor, crucificado no coração. 
Tanto que ele pede especialmente pelas três virtudes teologais (fé, esperança e amor) para poder cumprir esse "mandato" de Cristo. 
Por Frei Vitório Mazzuco


3. O Monte Alverne

Na Toscana, existe um monte rochoso e coberto de bosques, inacessível e sublime, com fendas horríveis cobertas de musgo e de frescor. Há muitos anos, o conde Orlando de Chiusi lho doara, em sinal de devoção, para que se servisse dele nos seus encontros com Deus.
 

Em agosto de 1224 subiu Francisco com alguns irmãos os mil e trezentos metros do Monte Alverne. É difícil ao turista que sobe hoje de automóvel esse monte, imaginar o que significava para Francisco, já esgotado, viajar a lombo de burro pelos caminhos sinuosos até chegar ao cimo da montanha, onde ela parece abrir-se subitamente, oferecendo, do alto duma rocha íngreme, vista para os vales lá embaixo. Cuidados, privações e enfermidades tinham enfraquecido o corpo desse homem de quarenta e dois anos. Francisco sempre se sentiu à vontade nos cumes das montanhas. Desejava afastar-se das últimas preocupações a respeito de sua Ordem, das decepções e da falta de compreensão. Pediu que o levassem a uma abertura na rocha, onde ainda se vê uma grade no lugar em que ele dormia; pode-se supor que não foi mudada muita coisa naqueles blocos de pedra úmidos e mofados.

Ano após ano, penetrava cada vez mais na essência de Deus até chegar à mais elevada forma que se possa imaginar na terra: à contemplação mística de Deus. É esta contemplação mística que ele experimentará de uma forma única na solidão do Alverne, pelo espaço de quarenta dias (de 15 de agosto até 29 de setembro, festa de São Miguel). Ele se retira do convívio de seus irmãos e só o irmão Leão pode lhe levar diariamente um pouco de pão e água durante a sua viagem mística ao invisível.
(Do livro Francisco de Assis, Profeta de Nosso Tempo, de N. G. Van Doornik)

http://www.franciscanos.org.br/v3/imagens_fixas/transparente.gif4. O Presépio


Sua maior intenção, seu desejo principal e plano supremo era observar o Evangelho em tudo e por tudo
imitando com perfeição, atenção, esforço, dedicação e fervor os "passos de Nosso Senhor Jesus Cristo no seguimento de sua doutrina". Estava sempre meditando em suas palavras e recordava seus atos com muita inteligência. Gostava tanto de lembrar a humildade de sua encarnação e o amor de sua paixão, que nem queria pensar em outras coisas.

Precisamos recordar com todo respeito e admiração o que fez no dia de Natal, no povoado de Greccio, três anos antes de sua gloriosa morte. Havia nesse lugar um homem chamado João, de boa fama e vida ainda melhor, a quem São Francisco tinha especial amizade porque, sendo muito nobre e honrado em sua terra, desprezava a nobreza humana para seguir a nobreza de espírito. Uns quinze dias antes do Natal, São Francisco mandou chamá-lo, como costumava, e disse: "Se você quiser que nós celebremos o Natal de Greccio, é bom começar a preparar diligentemente e desde já o que vou dizer. Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou como foi posto num presépio, e ver com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro". Ouvindo isso, o homem bom e fiel correu imediatamente e preparou o que o santo tinha dito, no lugar indicado.
Aproximou-se o dia da alegria e chegou o tempo da exultação. De muitos lugares foram chamados os irmãos: homens e mulheres do lugar, de acordo com suas posses, prepararam cheios de alegria tochas e archotes para iluminar a noite que tinha iluminado todos os dias e anos com sua brilhante estrela. Por fim, chegou o santo e, vendo tudo preparado, ficou satisfeito. Fizeram um presépio, trouxeram palha, um boi e um burro. Greccio tornou-se uma nova Belém, honrando a simplicidade, louvando a pobreza e recomendando a humildade.
A noite ficou iluminada como o dia e estava deliciosa para os homens e para os animais. O povo foi chegando e se alegrou com o mistério renovado em sua alegria toda nova. O bosque ressoava com as vozes que ecoavam nos morros. Os frades cantavam, dando os devidos louvores ao Senhor e a noite inteira se rejubilava. O santo parou diante do presépio e suspirou, cheio de piedade e de alegria. A missa foi celebrada ali mesmo no presépio, e o sacerdote que a celebrou sentiu uma piedade que jamais experimentara até então.
O santo vestiu dalmática, porque era diácono, e cantou com voz sonora o santo Evangelho. De fato, era "uma voz forte, doce, clara e sonora", convidando a todos às alegrias eternas. Depois pregou ao povo presente, dizendo coisas maravilhosas sobre o nascimento do Rei pobre e sobre a pequena cidade de Belém. Muitas vezes, - quando queria chamar o Cristo* de Jesus, chamava-o também com muito amor de "menino de Belém", e pronunciava a palavra "Belém" como o balido de uma ovelha, enchendo a boca com a voz e mais ainda com a doce afeição. Também estalava a língua quando falava "menino de Belém" ou "Jesus", saboreando a doçura dessas palavras.
Multiplicaram-se nesse lugar os favores do Todo-Poderoso, e um homem de virtude teve uma visão admirável. Pareceu-lhe ver deitado no presépio um bebê dormindo, que acordou quando o santo chegou perto. E essa visão veio muito a propósito, porque o menino Jesus estava de fato dormindo no esquecimento de muitos corações, nos quais, por sua graça e por intermédio de São Francisco, ele ressuscitou e deixou a marca de sua lembrança. Quando terminou a vigília solene, todos voltaram contentes para casa.
Guardaram a palha usada no presépio para que o Senhor curasse os animais, da mesma maneira que tinha multiplicado sua santa misericórdia. De fato, muitos animais que padeciam das mais diversas doenças naquela região comeram daquela palha e tiveram um resultado feliz. Da mesma sorte, homens e mulheres conseguiram a cura das mais variadas doenças.
O lugar do presépio foi consagrado a um templo do Senhor e no próprio lugar da manjedoura construíram um altar em honra de nosso pai Francisco e dedicou uma igreja, para que, onde os animais já tinham comido o feno, passassem os homens a se alimentar, para salvação do corpo e da alma, com a carne do cordeiro imaculado e não contaminado, Jesus Cristo Nosso Senhor, que se ofereceu por nós com todo o seu inefável amor e vive com o Pai e o Espírito Santo eternamente glorioso por todos os séculos dos séculos. Amém. Aleluia, Aleluia.

Tomás de Celano – Primeiro Livro (Fontes Franciscanas)

5. O Serafim Alado - Chagas

Dos "Fioretti" - Terceira consideração dos Sacrossantos Estigmas 
"Um dia, no princípio de sua conversão, ele rezava na solidão e, arrebatado por seu fervor, estava totalmente absorto em Deus e lhe apareceu o Cristo Crucificado. Com esta visão, sua alma se comoveu e a lembrança da Paixão de Cristo penetrou nele tão profundamente que, a partir deste momento, era-lhe quase impossível reprimir o pranto e suspiros quando começava a pensar no Crucificado". 

E rezava:

"Ó Senhor, meu Jesus Cristo, duas graças eu te peço que me faças, antes de eu morrer: a primeira é que, em vida, eu sinta na alma e no corpo, tanto quanto possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua dolorosa Paixão.
 

A segunda, é que eu sinta, no meu coração, tanto quanto for possível, aquele excessivo amor, do qual tu, filho de Deus, estavas inflamado, para voluntariamente suportar uma tal Paixão por nós pecadores".
 

Da Legenda Menor de São Boaventura, Capítulo 6

"Francisco era um fiel servidor de Cristo. Dois anos antes de sua morte, havendo iniciado um retiro de Quaresma em honra de São Miguel num monte muito alto chamado Alverne, sentiu com maior abundância do que nunca a suavidade da contemplação celeste. Transportado até Deus num fogo de amor seráfico, e transformado por uma profunda compaixão n'Aquele que, em seus extremos de amor, quis ser crucificado, orava certa manhã numa das partes do monte.
 

Aproximava-se a festa da Exaltação da Santa Cruz, quando ele viu descer do alto do céu, um serafim de seis asas flamejantes, o qual, num rápido vôo, chegou perto do lugar onde estava o homem de Deus. O personagem apareceu-lhe não apenas munido de asas, mas também crucificado, mãos e pés estendidos e atados a uma cruz. Duas asas elevaram-se por cima de sua cabeça, duas outras estavam abertas para o vôo, e as duas últimas cobriam-lhe o corpo.
 

Tal aparição deixou Francisco mergulhado num profundo êxtase, enquanto em sua alma se mesclavam a tristeza e a alegria: uma alegria transbordante ao contemplar a Cristo que se lhe manifestava de uma maneira tão milagrosa e familiar, mas ao mesmo tempo uma dor imensa, pois a visão da cruz transpassava sua alma como uma espada de dor e de compaixão.

Aquele que assim externamente aparecia o iluminava também internamente. Francisco compreendeu então que os sofrimentos da paixão de modo algum podem atingir um serafim que é um espírito imortal. Mas essa visão lhe fora concedida para lhe ensinar que não era o martírio do corpo, mas o amor a incendiar sua alma que deveria transformá-lo, tornando-o semelhante a Jesus crucificado.
 

Após uma conversação familiar, que nunca foi revelada aos outros, desapareceu aquela visão, deixando-lhe o coração inflamado de um ardor seráfico e imprimindo-lhe na carne a semelhança externa com o Crucificado, como a marca de um sinete deixado na cera que o calor do fogo faz derreter.

Logo começaram a aparecer em suas mãos e pés as marcas dos cravos. Via-se a cabeça desses cravos na palma da mão e no dorso dos pés; a ponta saía do outro lado. O lado direito estava marcado com uma chaga vermelha, feita por lança; da ferida corria abundante sangue. Freqüentemente, molhando as roupas internas e a túnica. Fui informado disso por pessoas que viram os estigmas com os próprios olhos.
 

Os irmãos encarregados de lavar suas roupas, constataram com toda segurança que o servo de Deus trazia, em seu lado bem como nas mãos e pés, a marca real de sua semelhança com o Crucificado".

Tomás de Celano - Vida II, 211

 “Francisco já tinha morrido para o mundo, mas Cristo estava vivo nele. As delícias do mundo eram uma cruz para ele, porque levava a cruz enraizada em seu coração. “Por isso fulgiam exteriormente em sua carne os estigmas, cuja raiz tinha penetrado profundamente em seu coração”.
 

Outros textos: 1Cel, 94; Legenda Maior, 13,35,69.



6. O Cântico das Criaturas

Quase moribundo, compôs São Francisco o Cântico das criaturas. Até ao fim da vida queria ver o mundo inteiro num estado de exaltação e louvor a Deus. No outono de 1225, enfraquecido pelos estigmas e enfermidades, ele se retirou para São Damião. Quase cego sozinho numa cabana de palha, em estado febril e atormentado pelos ratos, deixou para a humanidade este canto de amor ao Pai de toda a criação. 
A penúltima estrofe, que exalta o perdão e a paz, foi composta em julho de 1226, no palácio episcopal de Assis, para pôr fim a uma desavença entre o bispo e o prefeito da cidade. Estes poucos versos bastaram para impedir a guerra civil. A última estrofe, que acolhe a morte, foi composta no começo de outubro de 1226. 
A oração do santo diante do crucifixo de São Damião e o Cântico do Sol são as únicas obras de São Francisco escritas em italiano antigo e, por isso, são dos mais importantes documentos literários da linguagem popular. Foi nesta língua que ele certamente ditou a maioria de seus escritos, antes que os irmãos versados em letras os traduzissem para a língua comum da época, o latim. 
"Na tradição ocidental Francisco de Assis é visto como uma figura exemplar de grande irradiação. Com fina percepção sentia o laço de fraternidade e de sororidade que nos une a todos os seres. Ternamente chama a todos de irmãos e irmãs: o sol, a lua, as formigas e o lobo de Gubbio. As coisas tem coração. Ele sentia seu pulsar e nutria veneração e respeito por todo ser, por menor que fosse. Nas hortas, também as ervas daninhas tinham o seu lugar, pois do seu jeito elas louvam o Criador. 
O coração de Francisco significa um estilo de vida, a expressão genial do cuidado, uma prática de confraternização e um renovado encantamento pelo mundo. Recriar esse coração nas pessoas e resgatar a cordialidade nas relações poderá suscitar no mundo atual o mesmo fascínio pela sinfonia do universo e o mesmo cuidado com irmã e mãe Terra como foi paradigmaticamente vivido por São Francisco."
(Leonardo Boff)

7. A Benção de São Francisco
O pequeno pergaminho de 14 x 10 cm, dado por Francisco a Frei Leão, contém dois textos: de um lado a oração Louvores de Deus e do outro a Bênção a Frei Leão, seu fiel companheiro:

O Senhor te abençoe e te guarde,
Mostre a ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.
Volte para ti o seu olhar
e te dê a paz.


   Embaixo do escrito, Frei Leão acrescentou de próprio punho e com bela caligrafia em tinta vermelha: "O bem-aventurado Francisco escreveu de próprio punho esta bênção para mim, Frei Leão".

   As palavras da Bênção de São Francisco correspondem, nas cinco primeiras linhas, quase completamente à benção de Aarão do livro dos Números (Nm 6,22-26). Mas o Santo deixa fora duas vezes a palavra "Senhor" (Jahwe-Dominus), que está três vezes no texto bíblico, tríplice repetição que fez os Padres da Igreja verem uma alusão à Trindade:

O Senhor te abençoe...
O Senhor te mostre...
O Senhor volte para ti...


   Retomada na liturgia pós-conciliar, ela foi colocada no novo missal como primeira entre as possíveis bênçãos solenes do período "per annum". Além disso, a leitura de Nm 6,22-26 está nos três ciclos litúrgicos como primeira leitura na festa de 1º de janeiro. Hoje é um bem "recuperado" pela Igreja Católica. A revalorização desta bênção deve então ser muito sentida por todos os que pertencem à família franciscana. Redescobrindo-a e voltando a utilizá-la estaremos fazendo o que fez Francisco ao recuperar uma fórmula litúrgica quase esquecida, considerando-a apta para consolar o amigo na aflição. Usando-a, Francisco descobriu o profundo significado da fórmula e, no modo de usá-la, mostrou que captou precisamente seu sentido original.

   As palavras que Francisco acrescentou às bíblico-litúrgicas são poucas, mas importantes, porque são pessoais do Santo: "O Senhor te abençoe, Frei Leão". Essas palavras foram deslocadas um pouco à direita e escritas de modo a fazer passar a haste vertical da cruz através do nome de Frei Leão. De forma muito simples, Francisco dá a bênção a seu sofrido companheiro. A invocação pessoal mostra a preocupação materna de Francisco por seu fidelíssimo amigo, pai, confessor e secretário. Leão é sacerdote, Francisco apenas diácono: neste caso, é um não-sacerdote que abençoa o sacerdote.
 

   Francisco, ao abençoar, põe-se - e talvez muito conscientemente - na linha dos que, no AT, mediavam a bênção de Javé e na liturgia da Igreja invocavam, em situações especiais, a bênção de Deus sobre uma pessoa ou sobre o povo. Fazendo isso, o Santo põe em prática uma habilitação dada pelo batismo e para a qual tinha sido encarregado como diácono.
 


Do "Vós" de Deus ao "tu" do irmão

   Os Louvores de Deus, como se encontram no frontispício do pergaminho, repetem por mais de trinta vezes a invocação "vós", e nunca usam a palavra "eu". Diante da riqueza e da grandeza de Deus, engrandecidas com títulos e invocações sempre renovados, coloca-se como que de lado. Mesmo mudando as palavras, o que sobra é o dom de si ao inalcançável e inefável VÓS.

   Na Bênção, em vez disso, Francisco sai dessa imersão mística do Vós divino para se voltar ao tu do irmão. Mesmo nesse caso o eu do Santo fica completamente em segundo plano. O que interessa é só o Senhor e seu irmão Leão. No breve texto de bênção repete-se sete vezes o pronome "tu-te", estendendo assim o seu voltar-se do Vós de Deus para o tu do irmão sofrido e aflito.

   Francisco não dá a seu companheiro nenhuma sugestão prática sobre o que tem que fazer; diante de Leão comporta-se de forma discreta, abençoando-o "apenas". Como na outra parte do pergaminho tinha encaminhado para a grandeza e bondade de Deus, agora só põe Frei Leão sob a bênção do mesmo misericordioso protetor, guarda e defensor, para que Ele volte seu rosto para o irmão e dele tenha misericórdia.


   O rosto do Senhor, que iluminou as trevas de Francisco em São Damião, ilumine também a escuridão de Frei Leão. Aquele rosto que, na figura do serafim, tinha marcado em Francisco as feridas do amor, inflame de amor também Frei Leão. Aquele que é "segurança e descanso" dê também a Frei Leão shalom, paz e bem.

   O fiel companheiro, desencorajado pela visão da cruz experimentada por Francisco, foi englobado, através da bênção, no encontro que o Santo teve com Cristo. Francisco quer fazê-lo participar daquela graça que lhe foi dada através de sua personalíssima bênção, reforçada com o "Sinal do Tau com a cabeça".

   Uma bênção consoladora para Frei Leão e para nós

   Independentemente de como Frei Leão interpretou o desenho posto no fim da bênção, é certo que o gesto de bênção e as palavras de Francisco foram para ele um sinal de consolação, como ainda é para nós hoje.

O significado central do pergaminho todo pode ser assim resumido: uma consolação para todo mundo. Toda pessoa pode percebê-la como dirigida a si. Ainda que os Louvores de Deus sejam uma personalíssima oração de Francisco, escrita por ele depois de receber os estigmas não se restringe àquela situação, mas, como oração vale para todo tempo e estão abertos a todas as pessoas.


   Os louvores litânicos apresentam a grandeza e a bondade de Deus e convidam a entrar com Francisco na santidade, na grandeza, no amor, na mansidão e na bondade de Deus e isso acontece quando levamos Cristo no nosso coração e no nosso corpo através do amor e da consciência pura e sincera, e o geramos através do santo agir, que deve resplandecer como exemplo para os outros (2CtFi 53).

Ainda que em nós não foram impressos os estigmas do crucificado de modo visível, cada um tem suas feridas que podem salvar, que podem tornar-se fonte de salvação para si e para os outros. A cada um que se deixa ferir em nome de Cristo e que leva em si a sua cruz, Francisco repete o que disse a Leão: também tu estás marcado com a cruz de Cristo e por isso és abençoado. És um possuído de Deus e estás sob a proteção dele.


   Assim todos os que tentam seguir Jesus na fadiga de sua vida podem ler a bênção de Francisco como endereçada a eles, ver-se marcados com o Tau e poder assim afirmar: este Tau é a cruz, o sinal de Cristo, do cordeiro que foi imolado. Através dele também eu sou redimido. Posso me contar entre aqueles sobre os quais foi assinalado o Tau, que vieram da grande tribulação e lavaram suas roupas no sangue do cordeiro. Agora eles vivem em comunhão com ele e a seu serviço. E o cordeiro vai conduzi-los às fontes da água da vida, e Deus vai enxugar suas lágrimas.
 

   Francisco tornou-se um sinal também para mim. Nele tornaram-se visíveis os sinais da paixão de Cristo. Ele é como o anjo do sexto selo que segura o juízo de condenação de Deus e sela e abençoa os servos de Deus. Na cruz de Cristo também eu sou assinalado e salvo. E como Francisco posso agora também eu abençoar os outros e tornar-me sinal e sentido, paz e salvação para eles. Eu, o seu irmão Leão, e os nossos irmãos e nossas irmãs.

   Há diversos modos de bênção: a bênção do olhar, da mão, da palavra e da oração. Quem segue esses caminhos torna-se uma bênção para os outros. Como eu poderia ser uma "ponte de bênção" tornando-me um sinal de esperança para os outros?




Porciúncula

8. A Porciúncula
Diversos textos, das assim chamadas "fontes franciscanas", falam do sentido e do valor que este lugar passou a ter na vida de São Francisco, e posteriormente considerado "cabeça e mãe dos Frades Menores". 
• "Vendo o bem-aventurado Francisco que o Senhor queria aumentar o número de seus frades, disse-lhes um dia: 'Caríssimos irmãos e meus filhinhos, vejo que o Senhor quer fazer crescer a nossa família. Parece-me que seria prudente e próprio de religiosos irmos pedir ao Senhor Bispo ou aos cônegos de S. Rufino ou ao abade do mosteiro de São Bento uma igreja pequena e pobre onde os frades possam recitar as horas e, ao lado, uma casa pequena e pobre, de barro e de vimes, onde os frades possam descansar e fazer o que lhes for necessário. O lugar que agora habitamos já não é conveniente e a casa é exígua demais para nos abrigar, visto que aprouve ao Senhor multiplicar-nos.... Foi então apresentar ao bispo o seu pedido, que lhe respondeu assim: "Irmão, não tenho igreja para vos dar". Dirigiu-se em seguida aos cônegos de S. Rufino. Estes deram-lhe a mesma resposta. Foi dali ao mosteiro de São Bento do Monte Subásio. Falou ao abade como fizera ao bispo e aos cônegos, relatando-lhe a resposta que deles obtivera. O abade compadecido, depois de se aconselhar com os seus monges, resolveu com eles, como foi da vontade de Deus, entregar ao bem-aventurado Francisco e seus frades a igreja de Santa Maria da Porciúncula, a mais pobre que eles possuíam. Para o bem-aventurado Francisco era tudo quanto de há muito desejava. ... Não cabia em si de contente, com o benefício recebido: porque a igreja era dedicada à Mãe de Cristo; porque era muito pobre; e também pelo nome que era conhecida. Era com efeito chamada de Porciúncula, presságio seguro de que viria a ser cabeça e mãe dos pobres frades menores. O nome de Porciúncula tinha sido dado a esta igreja por ter sido construída numa porção acanhada de terreno que de há muito assim era chamada" (Legenda Perusina, cap. 8).
• "Depois que o Santo de Deus trocou de hábito e acabou de reparar a Igreja de São Damião, mudou-se para outro lugar próximo da cidade de Assis,... chamado Porciúncula, onde havia uma antiga igreja de Nossa Senhora Mãe de Deus, mas estava abandonada e nesse tempo não era cuidada por ninguém. Quando o santo de Deus a viu tão arruinada, entristeceu-se porque tinha grande devoção para com a Mãe de toda bondade, e passou a morar ali habitualmente. “No tempo em que a reformou, estava no terceiro ano de sua conversão” ( T.Celano, Vida I, cap. 9,21).
• "Embora o Seráfico Pai soubesse que o reino dos céus é estabelecido em todos os lugares da terra... sabia, no entanto, por experiência, que Santa Maria dos Anjos havia sido contemplada com bênçãos especiais... Por isso recomendava sempre os frades: 'Meus filhos, tende cuidado de jamais abandonar este lugar. Se vos expulsarem por uma porta, entrai pela outra. Este lugar é sagrado, morada de Cristo e da Virgem Maria, sua bendita Mãe. Aqui, quando éramos apenas um pequeno número, o bom Deus nos multiplicou. Aqui ele iluminou a alma destes pequeninos com a luz de sua sabedoria, abrasou a nossa alma com o fogo de seu amor" (Espelho da Perfeição, cap. 83).
• "Neste tempo nasceu a Ordem dos Frades Menores, multidão de homens que, então, começou a seguir o exemplo do Seráfico Pai. Clara, esposa de Cristo, recebeu nesta igreja a tonsura, despojando-se das pompas do mundo para seguir a Cristo. Aqui, para Cristo, a Santa Virgem Maria gerou os frades e as Pobres Damas, e, por meio deles, deu Cristo ao mundo. Aqui, estrada larga do mundo antigo tornou-se estreita e a coragem dos que foram chamados tornou-se maior. Aqui foi composta a Regra, a santa pobreza foi reabilitada, a vaidade humilhada e a cruz alçada às alturas. Se algumas vezes o Seráfico Pai sentiu-se conturbado e aflito, neste lugar reanimou-se, o seu espírito recuperou a paz interior. Aqui desaparece toda a dúvida. Por fim, aqui se concede aos homens tudo que o pai pediu por eles" (Espelho da Perfeição, cap. 84).


PERFIL DE UM FRANCISCANO SECULAR

1. Pulam os movimentos religiosos no seio da Igreja. Uns são mais na linha da espiritualidade cristã ou mariana, outros conjugais, outros ainda na linha da ação. Alguns marcados por uma espiritualidade conservadora, outros com acentuação da dimensão comunitária e transformadora. Todos eles sejam focolarinos, carismáticos, Opus Dei, desejam levar seus membros à santidade de vida. Não podia ser de outra forma. O grande perigo é o da multiplicação de grupos que agem e vivem mais ou menos fechados. A Igreja sempre precisou de grupos suscitados pelo Espírito para revigorar-se. Salesianos, beneditinos, jesuítas e franciscanos são convidados a serem partes de uma bela sinfonia: a sinfonia do Reino que vai se implantando entre nós. Não constituem guetos.

2. Entre esses movimentos espirituais está a Ordem Franciscana Secular. Leigos cristãos manifestam o desejo de seguirem Cristo de perto, buscando a santidade, na trilha de Francisco de Assis, de seu jeito de viver, de ser, de andar pelo mundo. Os terceiros franciscanos seculares levam a sério a vida cristã que lhes é apresentada e não querem repetir a mesmice, não querem ser pessoas que correm de um lado para o outro, mas que buscam o Cristo vivo e ressuscitado, pobre e despojado, vivendo simplesmente em fraternidade e trabalhando para que o mundo seja daquele que os ama.

3. Não vivem nas sacristias, nem são em primeiro lugar trabalhadores nas paróquias. São pessoas chamadas, vocacionadas. Entram na Ordem Franciscana Secular porque experimentam uma vocação. “É isso que eu quero isso que busco de todo o coração”. São cristãos seculares, cristãos sérios vivendo em suas famílias, no
mundo do trabalho, na transformação das coisas à luz do jeito franciscano de viver: família franciscana, oração franciscana, trabalho franciscano, simplicidade e humildade franciscanas. Insistimos: são seculares.

4. São pessoas que estão num constante estado de crescimento, de amadurecimento humano, cristão, franciscano e missionário. Através da formação inicial e permanente, vão crescendo como seres humanos delicados, corteses, atenciosos aos outros, fraternos. Convivem com Cristo de tal forma que, aos poucos, podem dizer com Paulo que não são eles que vivem, mas Cristo que neles vive. De tanto irem às Fontes Franciscanas se encantam com o exemplo de Francisco e procuram ser discípulos do Poverello pobre, despojado, alegre, espontâneo, generoso. E colocam-se à disposição dos outros. Gostam de cuidar dos leprosos de hoje e conviver com os mais despojados.


5. Muitos dos franciscanos seculares são casados. E vivem em suas famílias os valores franciscanos. Num mundo marcado pelo individualismo, cultivam o fraternismo e o mútuo serviço. Num tempo de sofisticações, são simples. Na era do consumismo, não adoram o poder, o dinheiro. São seres profundamente evangélicos que enfeitam a face da terra. Uma família franciscana é uma bênção para a Igreja.

6. São e querem ser cristãos de olhos abertos. Não agem por agir. Pensam no que fazem e por isso, em suas reuniões e encontros se servem do método do ver-julgar e agir. Examinam a realidade, iluminam-na com sua vida evangélica- franciscana e passam a agir. Tudo passa por seu crivo: dinheiro, poder, modo de fazer pastoral, relacionamentos com outras pessoas, lazer, política.

7. Normalmente, os franciscanos seculares vivem no mundo. Reúnem-se ao menos uma vez por mês para a reunião mensal. Ninguém falta à reunião. Os que faltam justificam a ausência. Participam, vivem cada momento do encontro. Rezam juntos. Partilham a vida. Cuidam especialmente dos doentes. Três momentos constituem sua reunião: oração, estudo e confraternização. Contam os franciscanos seculares com a presença de um religioso franciscano como assistente aquele que os acompanha e que é um sinal de liame da Terceira com a Primeira Ordem. Os Provinciais são tidos a nomear assistentes para todas as fraternidades de seu território. Em suas reuniões, os franciscanos seculares procuram descobrir juntos onde a Ordem e a Igreja precisam de seus braços, de sua voz e de sua dedicação pastoral. Não se concebe um franciscano acomodado e inerte. A reunião geral é sacramento de uma vida fraterna que os irmãos vivem durante o mês.

8. Depois da formação inicial os terceiros franciscanos fazem sua profissão. Trata-se de uma retomada da graça do batismo, agora com consciência mais aguda. Não se trata apenas de um gesto religioso qualquer. Os que professam ficam ligados para sempre à Ordem e afirmam desejar buscar as graças da santidade nessa Fraternidade até o fim de seus dias.

9. Adotam um estilo de vida simples e acolhedor, são corteses e atenciosos, modestos e fraternos, perseverantes e fiéis.

10. Vivem um justo equilíbrio entre ação e contemplação. Repetem em suas vidas as inquietudes de Francisco. Este, por vezes, tinha vontade de viver nos eremitérios e grutas, em silêncio com seu Amado. Ele compreendeu que sua vocação era ir pelo mundo, sem perder o espírito da santa oração e da devoção. Os franciscanos seculares gostam de rezar em silêncio, retiram-se para lugares ermos. Têm uma intensa vida de oração. Ao mesmo tempo são pessoas ativas porque sabem que precisam tornar Cristo amado.

(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste III



Em um primeiro momento, ser ministro de uma Fraternidade Franciscana Secular parece ser alguém que manda, alguém que detém o “poder” em suas mãos, mas não é bem assim. Nosso Seráfico Pai São Francisco nos admoesta que ninguém se aproprie da prelazia , mas quem está no “cargo” de Ministro, deve exercê-lo com muita resignação e humildade. Por experiência própria vejo que em determinadas fraternidades onde haja isso, creio eu, é uma falta grave, pois a humildade nos é característica fundamental, pois a adquirimos de nosso próprio carisma, de São Francisco e de Santa Clara, portanto, aquele que é eleito Ministro (a) e não se reveste do hábito da humildade não tem condições de exercer o cargo e também talvez de ser um franciscano, pois a humildade nos deve ser uma virtude peculiar e não algo inexistente que a temos quando nos convém. 

O Ministro é aquele irmão/irmã, ao qual a fraternidade confiou tal incumbência por que em primeiro lugar crê piamente que o “eleito” tem condições e capacidade para coordenar a fraternidade, auxiliado pelo Divino Espírito Santo, pois este sopra onde quer, quando quer e da forma que quer, sabendo solucionar os problemas e administrar todos os dons que Deus nos concede através de cada irmão e cada irmã da Fraternidade
 A Fraternidade é a união dos irmãos, portanto, é o momento rico, momento de partilha da vivencia de cada irmão. Devemos fazer desta ocasião um momento único e sublime, pois na união dos irmãos é o momento em que o Cristo manifesta-se, em que se partilha a vivencia do franciscano secular no mundo, pois na fraternidade é onde “recarregamos” nossas baterias, aonde vamos para buscar o conhecer, buscar nosso aprimoramento, como nos tornarmos melhores seres-humanos, melhores cristãos, melhores franciscanos e melhores irmãos, tudo isso fundamentado na formação. O próprio ministro goza desse benefício de formação, afinal ele foi um formando um dia. 
Devemos tomar o exemplo do próprio Cristo, o qual na quinta-feira santa despoja-se de tudo e lava os pés de seus discípulos. Ele mesmo diz que o servo não é maior que o Senhor, portanto, o Ministro é aquele irmão que serve a fraternidade em todo e qualquer aspecto, e deve fazê-lo diligentemente, com muita humildade e amor fraterno aos irmãos. Para isso ele conta com o Conselho, com irmãos e irmãs que são eleitos pela fraternidade e se colocam a serviço dela, por isso é realizada uma reunião mensal em média, do Conselho da Fraternidade para tratar e dirimir todos os assuntos pertinentes à Fraternidade e seus membros, mas nem sempre as reuniões surtem os efeitos necessários, mas tudo é feito de conformidade com a Regra e as Constituições da OFS.
Precisamos respeitar os irmãos, respeitar os pontos de vista de cada um, não devemos e nem podemos cercear o direito de cada irmão, de cada irmã, impondo-lhes nossa visão daquele ou desse assunto, uma vez que cada um pode ter visões diferenciadas do mesmo assunto, pontos de vista diferentes de uma mesma questão, pois assim procedendo a Fraternidade jamais terá uma “Identidade Própria” , mas terá sim a identidade que o Ministro (a) quer passar. Isso é perigoso, mesmo que o Ministro (a) tenha as mais nobres e belas intenções, pois pode demonstrar uma realidade inexistente dentro da fraternidade. Precisamos ser prudentes nesse sentido, afinal somos todos responsáveis por aquilo que cativamos, devemos fazer nosso sentimento de pertença falar alto, e demonstrar com muita caridade fraterna onde estão os erros e corrigi-los, para que a fraternidade sempre esteja dentro dos conformes e esteja correta também juridicamente, respeitando sempre o ponto de vista dos irmãos e irmãs. 
O assistente espiritual é uma parte importantíssima no caminhar da fraternidade. Ele é nosso prumo, é o agente moderador que nos auxilia para que não nos desviemos nem para direita nem para esquerda, mas sejamos centrados no projeto de Francisco e Clara, no seguimento de Jesus Cristo. O Ministro (a) é aquele que se preocupa com cada irmãozinho da Fraternidade, desde o mais idoso ao mais jovem. O Ministro (a) tem que ter uma postura de Mãe, afinal de contas as mães conhecem seus filhos muito bem, intimamente, bem no âmago de cada um. Devemos ser parcimoniosos, reflitamos muito a respeito de ser Ministro ou Ministra em nossas Fraternidades. Que o Senhor nos ajude a fazer sempre sua vontade e que possamos nos conhecer cada vez mais e que nossas discussões não nos dividam, mas nos unam para o bem comum das nossas Fraternidades. 
Paz e Bem!


Paulo Américo Piotto, OFS, Secretário da Fraternidade São Francisco de Assis de Vila Clementino (SP),
Agradecimento - Manifesto votos de Gratidão a Nossa Irmã Maria Aparecida Crepaldi , Membro do Conselho Internacional da OFS(CIOFS) , que me auxiliou revisando este texto ! Irmã Cidinha, Deus a abençoe, Sempre! Muito obrigado pela ajuda! Paz e Bem!



A Virgem Maria na Ordem Franciscana 


  À luz do Espírito Santo, Francisco de Assis concebeu a “Ordo Minorum”, sob a proteção de Nossa Senhora, sendo o ponto de partida a encarnação do Verbo. Foi ela quem o orientou rumo ao seu Divino Esposo, o qual fez com que Miriam fosse o coroamento de toda a criação, a criatura mais perfeita, Santa e Imaculada em sua concepção.

   Inspirado por Deus, por meio da Virgem Maria, Maximiliano Kolbe, cheio de “ousadias”,  arriscou uma nova forma de levar o Cristo a todo o mundo. Essa nova forma foi a propagação, por todos os meios lícitos, do grande amor à Imaculada  Conceição da Beatíssima Virgem.

         O presente artigo tem a intenção de especular acerca dessa tão grande e nobre contestação  de alguns dos grandes mestres franciscanos e desse santo do nosso tempo, visando a uma maior especulação desse dogma, desde São Francisco até São Maximiliano e, oxalá, uma incitação a essa devoção, que outrora tantos outros já o fizeram. 

I – A piedade Mariana de 
São Francisco de Assis

          Para melhor adequarmos alguns pontos acerca de uma Mariologia Franciscana, cabe-nos ir até o ideal mariano do nosso Seráfico Pai fundador, São Francisco de Assis e também, à sua experiência espiritual que, por fim, constituiu fonte de inspiração para os demais frades, que o seguiram nesse processo todo especial à Santa Mãe de Deus.

Como santo e grande fundador de uma família religiosa, como autor de muitos escritos religiosos e criador de uma autêntica doutrina espiritual, São Francisco não podia deixar de falar ou expressar seus sentimentos e devoção a Maria, Mãe de Jesus. Sabemos que São Francisco a admirava e nas mãos dela, depositava toda a sua fundação. Entretanto, não é fácil descrever uma mariologia de São Francisco diante de sua grande piedade; não é fácil dizer, em poucas palavras, como se exprime, principalmente, o carisma do Seráfico Pai ou quais são os elementos constitutivos de sua devoção mariana.

Sabemos que, basicamente, São Francisco revelou sua devoção, especialmente, a Cristo. Ele, como revelação do amor de Deus, que saindo totalmente de sua glória, se fez humilde e pobre, na sua abertura ao homem e ao mesmo tempo, como caminho e vida. O mistério de Cristo é visto pelo santo na sua raiz, que é o seio do Pai, do qual o Filho eternamente emerge, “Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro”[1] e, na sua missão no mundo, por meio da Encarnação, a qual realiza, de modo perfeito, o retorno da criação ao Pai pelo sacrifício que culmina na glória da Ressurreição. É aí que o amor especial de São Francisco leva para Maria a figura de pobre, humilde, menor e Mãe do crucificado.

Em sua época altamente cristocêntrica, Francisco de Assis, sem conhecimento teológico algum, conseguiu, da sua maneira, dar um vigor maior à vida do Cristo resumida nos três baluartes cruciais do seu processo de conversão: num primeiro momento, por meio daEucaristia, quando começaram a surgir as suas primeiras inquietações durante a missa, por ocasião da festa de São Matias. Ele é levado (por força do Espírito Santo) a entrar em igrejas abandonadas e,  numa delas, Santa Maria dos Anjos, contemplou o Cristo Crucificado(segundo momento), mas glorioso e, mais tarde, o Cristo do presépio (terceiro momento), isto é, da meditação da natureza divina, aos poucos, Francisco chegou à natureza humana do Cristo. A partir daí, começou a entender que esta humanidade de Deus manifesta-se nos mais necessitados – os pobres e os leprosos – e  então partiu para servi-los como que ao próprio Deus.

Neste íntimo relacionamento com a Trindade, Francisco não se esqueceu da Beatíssima Virgem. Não é à toa que tinha uma especial predileção por aquela capelinha que é padroada pela Senhora dos Anjos. Ali queria ficar e até pediu mais tarde, que se algum dia, algum frade fosse expulso dela pela porta, que voltasse e entrasse pela janela, mas que não a abandonasse. “Tendo ele se fixado nesse local por causa do seu respeito pelos anjos e de seuamor à Mãe de Cristo; sempre o amou acima de qualquer outro no mundo, pois foi aí que ele principiou, humildemente, progrediu na virtude e atingiu a culminância da felicidade. Foi esse lugar que ele confiou aos irmãos, ao morrer, como particularmente caro à Santíssima Virgem”.[2]

A ardente devoção de Francisco de Assis à Virgem Maria é bem descrita por São Boaventura  quando narra:
“Francisco permaneceu ainda algum tempo na igreja da Virgem Mãe de Deus,     suplicando-lhe em instantes e contínuas  preces, que se tornasse sua advogada. E pelos méritos da Mãe de Misericórdia e junto daquela que concebera o Verbo cheio de graça e de verdade, ele também concebeu e deu à luz o espírito de verdade evangélica”.[3]
            Aqui,  São Boaventura põe em destaque alguns dos títulos da Virgem Maria, que, como bom filho de Francisco de Assis, herda a relação de Maria com a Trindade salvífica, e em particular com o Espírito Santo: decorre daí que Francisco se concentra sobretudo na missão de Maria, como serviço da redenção e glorificação da Trindade.

            Deste zelo de Francisco para com as igrejas e a sua profunda veneração a Nossa Senhora, é que nesta narração, Boaventura enfatiza “na igreja da Virgem Mãe de Deus”, “sua advogada”, “Mãe de Misericórdia”, “aquela que concebera o Verbo...”.

É perceptível que desde o início da Ordem Franciscana, a Virgem Maria já estava exercendo um papel todo peculiar de cooperação, que deve ser fortemente acentuado, ainda mais no que tange o plano divino da Salvação, pois ela é colocada neste plano. Segundo Boaventura, conforme o que foi estabelecido por Deus: a Encarnação; pois: “... se tirar do mundo a Mãe de Deus, por conseqüência terá tirado o Verbo encarnado”. [4]

É devido à Encarnação de Jesus Cristo que Maria tem um lugar especial na espiritualidade de São Francisco! Em decorrência, ele desejava tratar com um amor mais reconhecido aquela Mãe, que não somente tinha trazido o Filho de Deus na nossa condição humana, mas o tinha feito nosso irmão. A Encarnação se realizou por meio de uma mulher santíssima, Maria, que em virtude de sua Maternidade, tem uma relação singular com o Filho de Deus. Mãe e Filho são inseparáveis. Contemplando o mistério da Encarnação,  São Francisco não apenas era transportado por um amor inefável pelo Filho de Deus que se fez nosso irmão, mas também transportado por um amor indizível a Maria.

A maternidade divina é o ponto fundamental do pensamento mariano de São Francisco. Ele amou e venerou a Virgem antes de tudo e sobretudo, porque nos deu Jesus, o Filho de Deus. Ele viu, na dignidade de Mãe de Deus, o coração do mistério de Maria, o fundamental e o central da sua grandeza.

Para Francisco, falar de Maria era exprimir a realidade da história da salvação, no sentido do que Deus realizou nela, em sua história concreta, colocando em evidência a própria realidade que Deus concretiza em toda a humanidade. Para ele, ser Mãe de Deus é a sua grande função, dentro do plano de salvação.[5] T