Papa surpreenderá com reviravolta na
Igreja,
diz Leonardo Boff
O
ex-sacerdote brasileiro Leonardo Boff, um dos mais destacados representantes da
chamada Teologia da Libertação, acredita que o papa Francisco surpreenderá
muitos dando uma reviravolta radical à Igreja.
"Agora
é Papa e pode fazer o que quiser. Muitos se surpreenderão com o que Francisco
fará. Para isso, precisará de uma ruptura com as tradições, deixar para trás a
Cúria corrupta do Vaticano para abrir passagem para uma Igreja universal",
disse Boff em entrevista que será publicada na edição da próxima semana da
revista alemã Der Spiegel.
O teólogo se
disse muito satisfeito que o novo Papa, o cardeal argentino Jorge Mario
Bergoglio, tenha assumido o nome de Francisco para seu pontificado. "Este
nome é programático: Francisco de Assis representa uma Igreja dos pobres e dos
oprimidos, responsabilidade perante o meio ambiente e rejeição ao luxo e a
ostentação", acrescentou Boff, que pertence à Ordem dos Frades Menores,
mais conhecidos como Franciscanos.
O estudioso
disse também que, embora em muitos aspectos - como o referente aos
anticoncepcionais, o celibato e o homossexualismo - Francisco tenha seguido uma
linha conservadora como cardeal, isso se deveu apenas à pressão do Vaticano.
Para ele, há elementos que indicam que o novo Pontífice é muito mais liberal.
Agora é
Papa e pode fazer o que quiser. Muitos se surpreenderão com o que Francisco
fará
"Há
alguns meses, por exemplo, ele aprovou expressamente que um casal de
homossexuais adotasse uma criança. Tem contato com sacerdotes que foram
repudiados pela Igreja oficial por terem se casado. E, o mais importante, é que
não se deixou separar de sua convicção que temos que estar do lado dos
pobres", destacou.
Boff rejeita
também as acusações que surgiram contra Francisco segundo as quais não deu
suficiente apoio a dois jesuítas que foram presos durante a ditadura militar
argentina.
"Conheço
as acusações e acredito no que diz o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel,
que como opositor ao regime militar esteve preso e foi torturado. Houve bispos
que foram cúmplices da ditadura, mas Bergoglio não estava entre eles",
opinou.
"Até agora, não há indícios claros de um comportamento censurável.
Pelo contrário, ele escondeu e salvou muitos sacerdotes perseguidos. Conheci
Orlando Yorio, um dos jesuítas que dizem terem sido traídos por Bergoglio, e
nunca fez a mim tais acusações", completou.
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