quarta-feira, 25 de abril de 2012

A passagem do cortejo fúnebre de Francisco por São Damião


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Queremos que a passagem dos oitocentos anos do carisma clariano a ser comemorado em 2012 seja um marco para nossa família franciscana e clariana. Gostaríamos de tornar Clara mais conhecida e fazer de sorte que ela pudesse iluminar muitas vidas da Igreja e do mundo. Continuamos a oferecer aos nossos leitores passagens do belo livro de Chiara Giovanna Cresmachi, “Chiara di Assisi. Un silenzio che grida”. Desta vez, vamos acompanhar aquilo que ocorreu em São Damião com a passagem do corpo morto de Francisco (p. 106-109).
1. Um pouco antes de morrer, Francisco havia mandado dizer a Clara que ela haveria de vê-lo ainda uma vez. Tal profecia se realizou durante o translado do esquife com o corpo de Francisco para a igreja de São Jorge, quando o cortejo dos frades e do povo parou em São Damião. Verdade que foi um encontro um pouco diferente do que aquele que ela teria querido esperar: Clara devia enxergar para além da aparência, além dessa parede intransponível da morte. A contemplação do corpo morto daquele que foi pai e guia de Clara e de suas irmãs levou à descoberta dos estigmas, motivo de admiração e presságio da glória. Para além dos sentimentos manifestados nesse momento, tomando distância do triunfalismo e ostentação a respeito de fenômenos místicos, Clara nunca aludirá a essa identificação de Francisco com o Cristo. Celano diz que as irmãs puderam ver o corpo de Francisco através da janelinha pela qual elas recebiam a Eucaristia (1Cel 116), enquanto que através de outra coletânea de elementos históricos fomos informados que os frades tomaram o santo corpo da maca e o mantiveram entre os braços perto da janela por grande espaço de tempo (cf. Compilação de Assis, n. 13). Disso se depreende como era delicada a amorosa fraternidade por parte dos irmãos, sabedores que eram do quanto Francisco fora importante para aquelas mulheres.
2. Celano, o biógrafo oficial, quando descreve a passagem por São Damião, no momento em que os despojos estavam sendo levados para dentro dos muros de Assis, se compraz em usar de retórica ao descrever o pranto e as lamentações de Clara e de suas irmãs. Tudo leva a crer que se trata de uma página literária em que elas são apresentadas com as características das carpideiras bíblicas. Importante que fique claro, no entanto, que esse episódio coloca em realce o relacionamento de Francisco com as Senhoras Pobres, tão denso a ponto de reclamar uma parada do cortejo fúnebre com as autoridades civis e o povo. Deve-se dizer que o acontecido se impunha como evidente em si, devido ao fato de que aquelas mulheres pertenciam à fraternitas de Francisco. Mesmo se deixarmos de lado a dramatização literária, aquilo que o biógrafo afirma é verdadeiro: à sororidade de Clara passa a faltar o único sustento humano. Às irmãs é dado apenas o conforto de venerar aquele corpo, que tinha os sinais de nossa salvação “e ver assim, não somente o único penhor seguro da glória do irmão e pai, mas também a representação viva do Crucificado pobre, o único Bem das irmãs na terra”.
3. “Está aí a mensagem silenciosa e eloquente que Francisco deixa para as irmãs e que Clara compreende de modo muito profundo: vossa única posse é Jesus Cristo, por vós morto e ressuscitado, com ele, nele e por ele nada haverá de vos faltar, assim não havereis de temer adversidades e contrariedades. Para além do sofrimento e da incerteza com relação aos que viriam sem Francisco, a mãe das irmãs pobres, sabe com firme esperança que nada poderá fazer com que ela vacile, porque ganhou nova força por meio da passagem pascal de Francisco vivida um pouco antes com sua morte. Nisto consistia sua consolação, sua força e sua alegria”. Clara está disposta a aceitar sacrifício, desprezo, incompreensão, aversão para seguir suas pegadas, naquela pobreza-humildade que o Espirito lhe havia indicado através da palavra e do exemplo do Poverello. Clara se tornou, por assim dizer, “carne de sua carne”. A plantinha de Francisco nada sabe a respeito dos caminhos que haverá de percorrer sozinha. Basta-lhe viver dia após dia com a energia que, apesar de suas frágeis forças físicas, lhe é dada pela gratuita liberalidade do sumo Doador. Nesta profunda solidão, que se tornou mais amena pela proximidade e comunhão com as irmãs, Clara experimenta sempre mais a amorosa ternura do Pai celeste que delas se ocupa como uma mãe se ocupa de seu filho.
4. Trata-se de uma experiência que cresce no ininterrupto diálogo com o Tu divino e pela contínua interiorização do Evangelho, revivendo em si, enquanto possível a uma criatura, o relacionamento do esposo Jesus Cristo com o seu Abba, Pai, que vivencia na dimensão materna, tornando-se cada vez um desses pequenos aos quais pertence o Reino de Deus. A atitude filial, tão enraizada na mãe das irmãs pobres, não a impede de manifestar características humanas que são típicas de sua personalidade. Revela fortaleza de ânimo, clareza de ideia a respeito do carisma de tal forma que não se deixa perturbar por quem quer que seja unida a uma capacidade singular de caminhar em frente, em rápida corrida, com passo ligeiro e pé seguro de modo que os passos nem recolham a poeira, confiante e alegre (cf. 2Carta a Inês 12-13), como escreverá à jovem que vive em terras distantes a mesma situação que ela vivera antes no caminho do seguimento de Jesus, com tenaz perseverança. Tal não se poderia esperar desta frágil mulher doente, incapaz de levantar-se de seu pobre leito.
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Tudo na vida vale a pena!


Arrisque-se, ficar em casa com a cabeça no travesseiro só irá aumentar o sentimento de fraqueza, vazio e tristeza dentro do seu coração.
Lave o rosto, ponha uma roupa e bote a cara para apanhar.
Não há nenhuma experiência na vida que não deixará um rastro permanente em você.
Não há nenhuma decepção na vida que não trará a superação e a experiência.
Quem vence não sai ganhando tanto quanto o vencido.
Talvez, só passar pela vida não seja de todo mal e sim o melhor que possamos fazer.
Isto não faz de nós fracassados e piores do que aqueles que escreveram suas biografias.
Aceite as coisas que a vida lhe traz.
A vida muda porque tem que mudar.
E por mais que você tente certas coisas nunca voltarão a serem as mesmas, aceite isso e conviva com isso.
Não leve a vida como um trem que segue seu caminho pré-determinado por um trilho, mas sim como um avião que não tem limite assim como o horizonte não conhece seu fim.
Faça do infinito sua meta, como aquele que por não saber que era impossível, foi lá e fez.
Acredite nas pessoas, todos erram, inclusive você.
O importante na vida não é que você se enganou sobre as pessoas, mas que você pode mudar sua opinião sobre elas.
Acima de tudo, acredite no amor. Acredite que ele muda sim, tudo a sua volta para melhor.
O universo conspira para que as coisas dêem certo pra você, acredite nisso.
Não perca as oportunidades únicas na sua vida, agarre-as com vontade, mesmo que o medo fale mais forte.
Não deixe o medo ser o dono de tua vida, ele poderá te salvar de algumas, mas poderá te impedir de muitas.
Tenha sempre, isso é importante, "atitude".
Tome a iniciativa, de o primeiro passo, largue antes da partida. Quem sai na frente tem mais chance de chegar na frente.
Não use filtro solar, use bronzeador. Exponha-se para a vida e absorva tudo que de bom ela te ensinar.
Não se proteja das decepções, enfrente-as e às vença. Saiba que sempre após as tormentas vem a calmaria.
Ame sua família, ela é seu refúgio e seu pilar de sustentação. Mas não a procure somente nas horas ruins.
Partilhe suas felicidades, seus medos e suas tristezas com aqueles que são responsáveis pela sua passagem pela vida.
Mesmo que não seja de sangue, sua família são aqueles que você tem para toda a vida. Seus pais, seus avôs, seus irmãos, um amigo, um cachorro ou um papagaio.
Acredite no valor da amizade. Ela existe, pode acreditar. Confie, ame, chore, brinque e lute por seus amigos.
Entre na frente de balas de canhão por eles, eles entrariam na frente por você.
Curta sua vida, se divirta, mas tenha responsabilidade.
Ninguém admira pessoas com idade elevada que curtam a vida com irresponsabilidade como se tivessem 18 anos.
Beba, se quiser. Fume, se quiser. Mas lembre-se do que aquilo lhe fará a longo prazo e talvez a curto prazo.
Não se lamente caso um cigarro lhe traga a doença e não fale que você não precisava daquilo. Você achava que precisava quando o fez.
Assuma seus erros, conserte-os. Se não conseguiu, peça desculpas e levante a cabeça.
Seus erros serão admirados conforme a atitude que irá tomar para lhes superar.
Lembre-se daqueles que se foram não como um adeus, mas como um até logo. Acredite você os reencontrará.
As pessoas vêm e vão, aceite, mas não as esqueça.
Seja feliz, e faça os outros felizes.
Ser feliz não é ter tudo perfeito na vida, é ver a felicidade nas pequenas coisas, no sorriso de uma criança que lhe sorriu na fila do supermercado sem ao menos ter porquê; em um simples beijo entre dois velhinhos em uma praça; ou até mesmo na televisão fora do ar, saia de casa, dê uma volta e encontre-se com quem te faça feliz.
A felicidade não se esconde, ela se mostra, da bandeira, e quer ficar ao seu lado. Não vire as costas para ela.
Chame-a aos poucos que ela te visitará. Trate-a bem para que ela venha morar em sua casa.
E acima de tudo, não viva sozinho. Encontre o amor e compartilhe-o. As pessoas são mais felizes quando tem alguém em quem deitar a cabeça nos ombros, fechar os olhos e suspirar ate brotar nos lábios um doce "Eu Te Amo".
Afinal de contas, viver vale à pena. Se vale!

domingo, 8 de abril de 2012

Páscoa Sempre

É Páscoa, hoje e sempre, Também!

Ontem, como hoje,
Deus continua falando.
No silêncio, talvez
Nos gritos de desespero, de indignação, de vitória...
Certamente!

E fala ainda pela boca das faladeiras
(Em quem não se deve acreditar?)
Mulheres, negros, índios, menores, sem-terra, sem-teto, sem-emprego...
E fala na língua das minorias (maiorias?)
Não na língua universal, correndo o risco de desaparecer
(Mas ousa correr esse risco!)

Fala daquilo que não se encontra nem se entende
Nem nos shoppings,
Nem nas bolsas de valores,
Nem no FMI
 
(Mandam no Brasil).

E fala de muitos modos:
Com ternura (bem-vindos, contem comigo, coragem, sê forte, não desanime...)
Com indignação (ai de vós, afastai-vos, malditos...)
Com desespero (por que me abandonaste?...)
Chorando (sob o cálice amargo no horto...)
Calando (na cruz...)
Emocionado (Ele não está aí, RESSUSCITOU!)

Fala de exílio e êxodo (sim, êxodo também!)
Fala do banquete (não o “real”, mas o popular)

Fala da comida (que sacia e faz viver a todos/as)
Fala da festa (enlutada, é claro. Afinal, muitos continuam crucificados)

Fala da roupa da festa (perseverança, ânimo, coragem, resistência, teimosia...)
Eis que a noite é longa, mas o gozo, eterno.

Fala da receita (não a do mercado neoliberal, mas a da solidariedade global e globalizada!)

Fala a(o)s cozinheiro(a)s: “vocês são meus filho(a)s muito amado(a)s”!

Fala a(o)s convidado(a)s: “venham, vocês que são abençoados”; recebam como herança o reino desde sempre preparado para vocês”!

É PÁSCOA! (Hoje, como sempre!)


de Francisco de Aquino Júnior
Belo Horizonte - MG - por carta