segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Na mão e nos ouvidos

Não faz muito tempo, os fiéis católicos iam "celebrar a eucaristia" ato que a maioria ainda classifica como "ir à missa" e lá, encontravam-se, ouviam e alimentavam-se. Eram acolhidos para "estarem juntos em memória de Jesus", o sacerdote lhes punha a palavra nos ouvidos e o corpo de Cristo na boca.

Veio a renovação e a maioria dos fiéis passou a receber a palavra pelos ouvidos e o corpo de Cristo pelas mãos, embora alguns ainda insistam em recebê-lo na boca. Mas a eucaristia é, hoje, mais ouvidos e mãos do que boca e joelhos. O fiel fala, ora, responde, participa em palavras e gestos, o presidente da assembléia provoca os fiéis a responder, a se penitenciarem, a acolher, a dar a paz, a sair do seu lugar a ir buscar o corpo de Cristo. Os verbos eucaristia são penitenciar-se, ouvir, proclamar, acolher, sair do lugar, ir ao encontro, ir com a palavra, ir com as ofertas e ir de volta para casa e para outros encontros, alimentados pela Palavra e pelo pão do Céu.

Nas nossas mãos e nos nossos ouvidos é colocado um conteúdo que enleva e nos torna mais pessoas, mas que também nos provoca. Ao colocar a palavra da fé nos nossos ouvidos e o corpo de quem cremos ser Deus ontem encarnado e agora transubstanciado em nossas mãos, o presidente da assembléia e seus ministros implícita ou explicitamente nos desafiam em norma de Igreja a dizer coisas profundas e a fazer coisas profundas que façam a diferença ao nosso redor.

Não é sem sentido que se fala de "ir à missa" ou "celebrar o maior dos dons". Missa vem de mittere, missio que em latim significam o ato de enviar e o envio. Daí as palavras missão e missionário. Vamos à missa para receber o envio. Católico que não se sente missionário ainda não entendeu a sua igreja nem o ato principal da sua igreja. Sem o verbo ir ela não existiria.

Jesus que disse "vinde e vede", e depois, de várias maneiras disse "ide", essencializava o Reino de Deus ao definir o ato de amar com ir ao outro levar a paz, a mensagem e a certeza de que alguém o ama. Ficar sentado a um sofá comendo pipoca e vendo o mundo passar à sua frente, tecer alguns comentários sobre a ultima onda tsunami, sobre enchentes, deslizamentos, seca e fome e ficar ali opinando esgotar longe de ser catolicismo.

Se há uma gôndola no supermercado para recolher roupas e alimento, se há uma conta da sua igreja para aquela região, se pedem sangue e você esbanja saúde, mas prefere assistir tudo de camarote e de sofá sem dar sequer um passo na direção de quem sofre, falta-lhe o senso de eucaristia e de catolicidade. Católico não esquenta banco.

À medida que diminuem nossas procissões e que mesmo com saúde, ficamos mais tempo vendo a missa pela televisão, à medida que não nos mexemos perdemos uma das medidas mais claras de nossa catolicidade. Os verbos são abraçar acolher, abranger, i lá, participar. Tudo isso está expresso no rito da eucaristia que simbolicamente tem cinco procissões: de Entrada e Acolhida: mãos que acenam; pés que marcham e mãos que elevam ou aplaudem o Livro com a Palavra, pés que marcham e mãos que levam a Oferta, da Comunhão; pés que vão e mãos que recebem o Senhor e, finalmente, da Despedida: pés que vão levar a boa notícia da partilha. Todas elas supõem pernas, mas também mãos e ouvidos.

Dizia uma senhora idosa, alegre e simples:- "Explicada desse jeito, dá vontade de ir à missa três vezes por dia! Meu médico nem precisaria pedir que eu me mexesse."... Outros sacerdotes a explicam ainda melhor do que eu, mas gosto de fazê-lo. Sei de um sem número de irmãos e irmãs que nunca mais trocaram a missa de domingo pelo supermercado ou pelo restaurante. Alimentaram-se no templo e, depois, lá fora. Sem fé, não dá. Pelo menos para eles não dá! 

Pe. Zezinho

domingo, 18 de setembro de 2011

Cruz da Jornada Mundial da Juventude 2013 e Ícone de Nossa Senhora chegam ao Brasil

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No próximo dia 18 de setembro, o Brasil recebe a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora, símbolos da Jornada Mundial da Juventude, que será no Rio de Janeiro em 2013, conforme anunciou oficialmente o papa Bento XVI ao encerrar a Jornada em Madri.
A Cruz será recebida pela arquidiocese de São Paulo de onde partirá em peregrinação para as 274 dioceses do país ao longo dos dois anos de preparação do maior evento católico para jovens do mundo. A Comissão da arquidiocese de São Paulo, organizadora do evento, preparou uma grande festa para acolher a Cruz, que chegará às 16h ao Campo de Marte, em São Paulo. Uma missa será celebrada às 16:30h, seguida de show.
De acordo com a Comissão, o objetivo da festa é celebrar a chegada da Cruz no Brasil e provocar o entusiasmo nos jovens e nas famílias de todo o país para participar da JMJ e do roteiro de peregrinação da Cruz preparado para o período de 2011 a 2013.
Um grande show católico reunirá vários cantores ao longo de todo o dia 18 de setembro, a partir das 9h, no Campo de Marte, aguardando a chegada da Cruz, que ficará no Estado de São Paulo até 31 de outubro, seguindo para Belo Horizonte (MG), onde chegará no dia 19 de novembro para a peregrinação nas diocese do Regional Leste 2 da CNBB (Minas Gerais e Espírito Santo).
A última parada da Cruz antes de ir para o Rio de Janeiro será no Vale do Paraíba, em março de 2013.

Fonte: CNBB


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Saiu o semeador a semear...

Uma das mais conhecidas parábolas que Jesus contou é a do semeador.  Através dela podemos fazer várias analogias, mas, hoje, vamos nos deter em uma específica: somos – cada homem e cada mulher – chamados a ser semeadores!
O semeador da parábola de Jesus nem sempre encontrou sucesso em seu trabalho.  Semeou em jardim espinhoso, em terra árida, à beira do caminho. Terrenos árduos e difíceis, como aqueles que encontramos dentro do coração humano, nosso maior desafio. Quantos corações duros e fechados à Palavra de Deus!  Quantas vezes nós mesmos tornamos assim nossos próprios corações!
Porém, o semeador não desistiu de sua tarefa: continuou a semear, a percorrer caminhos, a encontrar espaços de terreno fértil para lá depositar sua semente.  Assim também nós somos chamados a acreditar que mesmo diante da dureza ou daquilo que nos parece infértil existe a possibilidade da vida brotar.
Jesus, que encontrou um povo de coração insensível às Suas palavras, não desistiu: se os poderosos não o ouviam, os pobres o escutavam; se os ricos se recusavam a recebê-lo, fez da sua preferência os excluídos... E assim realizou o Seu próprio trabalho de semeador da revelação do Pai junto à humanidade.  Não desanimou, não fugiu da luta, não teve medo da aridez.  Antes, insistiu em pregar, desafiou o que parecia ser imponderável, realizou o impossível aos olhos humanos.
O Semeador nos convida a semear com Ele.  Qual a nossa resposta?  O que estamos plantando em nossas vidas?  Como estamos plantando?  Quais são os nossos terrenos?  Por fim, empenhemo-nos nesse trabalho contínuo da semeadura.  E exultemos quando, ao final, pudermos reconhecer que por nossas mãos o reino de Deus chegou aos homens.

Texto para reflexão: Mt 13, 1-23

Autor: Gilda Carvalho


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Entender as leis de Jesus

Os judeus falavam com orgulho da Lei de Moisés. Era a melhor prenda que tinham recebido de Deus. Em todas as sinagogas guardavam-na com veneração dentro de um cofre depositado num lugar especial. Nessa Lei podiam encontrar tudo quanto necessitavam para ser fiéis a Deus.
Jesus, no entanto, não vive centrado na Lei. Não se dedica a estudá-la nem a explicá-la aos Seus discípulos. Não se O vê nunca preocupado por observá-la de forma escrupulosa. Certamente, não coloca em marcha una campanha contra a Lei, mas esta não ocupa já um lugar central no Seu coração.
Jesus procura a vontade de Deus a partir de outra experiência diferente. Sente Deus tratando de abrir caminho entre os homens para construir com eles um mundo mais justo e fraterno. Isto muda tudo. A lei não é já o decisivo para saber que espera Deus de nós. O primeiro é "procurar o reino de Deus e a Sua justiça".
Os fariseus e os letrados preocupam-se em observar rigorosamente as leis, mas desleixam o amor e a justiça. Jesus esforça-se por introduzir nos Seus seguidores outro perfil e outro espírito: «se a vossa justiça não é melhor que a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino de Deus». Há que superar o legalismo que se contenta com o cumprimento literal das leis e normas.
Quando se procura a vontade do Pai com a paixão com que a procura Jesus, vai-se sempre mais longe do que dizem as leis. Para caminhar para esse mundo mais humano que Deus quer para todos, o importante não é contar com pessoas observantes de leis, mas com homens e mulheres que se pareçam a Ele.
Aquele que não mata, cumpre a Lei, mas se não arranca do seu coração a agressividade para com o Seu irmão, não se parece a Deus. Aquele que não comete adultério cumpre a Lei, mas se deseja egoisticamente a esposa do seu irmão não se assemelha a Deus. Nestas pessoas reina a Lei, mas não Deus; são observantes, mas não sabem amar; vivem corretamente, mas não construíram um mundo mais humano.
Temos de escutar bem as palavras de Jesus: «Não vim abolir a Lei e os profetas, mas dar plenitude». Não veio atirar por terra o patrimônio legal e religioso do antigo testamento. Veio para «dar plenitude», a alargar o horizonte do comportamento humano, a libertar a vida dos perigos do legalismo.
O nosso cristianismo será mais humano e evangélico quando aprendermos a viver as leis, normas, preceitos e tradições como os vivia Jesus: procurando esse mundo mais justo e fraterno que quer o Pai.

Autor: José Antonio Pagola


domingo, 4 de setembro de 2011

Igreja no Brasil celebra o Mês da Bíblia com estudo do Livro do Êxodo

"Desconhecer as Escrituras é desconhecer o Cristo”, com essa frase, de São Jerônimo, que a Igreja celebra, nesse mês de setembro, o Mês da Bíblia. Neste ano, o estudo proposto pela Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), será o Livro do Êxodo, capítulos 15,22 a 18,27, que é conhecido como o “Livro da Travessia”.
O Mês da Bíblia tem como tema “Travessia, passo a passo, o caminho se faz”, e o lema “Aproximai-vos do Senhor”.
O presidente da Comissão para a Animação Bíblico-catequética e arcebispo de Pelotas (RS), dom Jacinto Bergmann, escreveu uma mensagem para toda a comunidade cristã que celebra o Mês da Bíblia.
Dom Jacinto pede que todos procurem viver intensamente o esse mês, em todas as comunidades cristãs espalhadas pelo território nacional. “Que bom que temos um Subsídio elaborado pela Comissão para a Animação Bíblico-catequética, que, usado em nossos Grupos Bíblicos, nos ajudará a conhecer e interpretar, a comungar e orar, a evangelizar e proclamar a Palavra de Deus e assim caminharmos sempre mais para uma verdadeira animação bíblica da pastoral, formando entusiastas discípulos missionários de Jesus Cristo”, destacou.
O Subsídio
O Subsídio apresenta vários textos para estudo, reflexão, oração e prática para o Mês da Bíblia de 2011. Não pretende dizer tudo, mas apontar pistas para o trabalho individual e comunitário. Foi pensado como material de apoio, isto é, traz elementos informativos a serem desenvolvidos posteriormente e indica também roteiros práticos, que podem orientar grupos de reflexão e leitura orante sobre o assunto.
Leia abaixo a íntegra da mensagem de dom Jacinto Bergmann, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética da CNBB.
Mês da Bíblia

Mês de Setembro para a nossa Igreja no Brasil já é, por uma bonita tradição, sinônimo de MÊS DA BÍBLIA. O grande São Jerônimo, presbítero e doutor, cuja memória celebramos no final do mês de setembro, dia 30, nos motivou desde o início e motiva ainda hoje para a dedicação do mês de setembro inteiro para ser o da Bíblia. Sabemos da importância do trabalho bíblico de São Jerônimo realizando a tradução da Vulgata; e sua frase é emblemática: “Desconhecer as Escrituras é desconhecer o Cristo”.
Também já é uma bonita tradição, a CNBB, através da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, oferecer um tema para o Mês da Bíblia para o estudo, a reflexão, a oração e a vivência da Palavra de Deus. O tema pode girar ou em torno de trechos bíblicos, ou de um Livro bíblico, ou até de um conjunto de Livros bíblicos. A escolha do tema para o Mês da Bíblia deste ano de 2011, concentrou-se no trecho do Livro do Êxodo, capítulos 15,22 a 18,27, que é conhecido como o “Livro da Travessia”. É necessário olharmos as etapas da travessia desértica do Povo de Deus, saindo do Egito e buscando a Terra Prometida: as dificuldades enfrentadas pelo Povo de Deus, tanto os problemas da natureza, quanto os desafios oriundos pela convivência humana, criaram a necesidade de enraizar e vivenciar a fé, a esperança e o amor em Deus. Queremos aprender com o Povo de Deus a realizarmos a nossa travessia de discipulado e missão. Eis, pois, o tema tão propício para o Mês da Bíblia de 2011: “Travessia, passo a passo, o caminho se faz”. Mas, o fundamental em tudo isso, é estar próximo ao Senhor Deus. Assim, do capítulo 16, versículo 9, é tirado também o lema: “Aproximai-vos do Senhor”.
Vamos viver intensamente o Mês da Bíblia em todas as nossas comunidades cristãs espalhadas pelo território nacional. Que bom que temos um Subsídio elaborado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, que, usado em nossos Grupos Bíblicos, nos ajudará a conhecer e interpretar, a comungar e orar, a evangelizar e proclamar a Palavra de Deus e assim caminharmos sempre mais para uma verdadeira ANIMAÇÃO BÍBLICA DA PASTORAL, formando entusiastas discípulos missionários de Jesus Cristo.

Dom Jacinto Bergmann, 
Arcebispo de Pelotas e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética

sábado, 3 de setembro de 2011

Mês da Bíblia

“Quando refletimos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, não podemos deixar de pensar em São Paulo e na sua vida entregue à difusão do anúncio da salvação de Cristo a todos os povos”. Verbum Domini, n. 4
                                                                                             

No ano de 1971, celebrava-se o cinquentenário da arquidiocese de Belo Horizonte, Minas Gerais, e em vista da comemoração desse grande acontecimento, as irmãs paulinas apresentaram ao arcebispo, Dom João de Rezende Costa, a proposta de realizar um grande movimento bíblico durante o mês de setembro com a ajuda da Igreja local. A proposta foi aceita e os padres Antônio Gonçalves e Paulo Lopes de Faria formaram com as paulinas a equipe de coordenação do mês da Bíblia.
Os objetivos eram o de infundir no povo a convicção de que a Bíblia, Palavra de Deus, é por excelência o livro que deve ser inserido na vida de cada um; constituir um centro bíblico; estimular a formação e a continuidade dos círculos-bíblicos e das comunidades eclesiais de base; contribuir para o desenvolvimento das diversas formas de presença da Bíblia nas Pastorais da Igreja; criar novas formas de apresentar a Bíblia nos diversos meios de comunicação; facilitar o diálogo criativo e transformador entre a Palavra, a pessoa e as comunidades.
A Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini, publicada no dia 30 de setembro de 2010, apresenta muitas luzes que motivam a continuar essa história com o mesmo entusiasmo e a fé do início. Este documento incentiva aos fiéis a dar um novo impulso ao conhecimento da Palavra de Deus e do ponto de vista pastoral, apresenta a Palavra de Deus na sua capacidade de dialogar com os problemas que o ser humano deve enfrentar na vida diária. A pastoral da Igreja deve ilustrar claramente como Deus ouve a necessidade do homem e o seu apelo. (Cf. n. 23).
Sobre a animação bíblica da pastoral, o Sínodo convidou a um esforço pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em lugar central na vida da Igreja, recomendando que “se incremente a ‘pastoral bíblica’, não em justaposição com outras formas da pastoral, mas como animação bíblica da pastoral inteira”(Cf. Verbum Domini, n.73).
Para se alcançar o objetivo desejado pelo Sínodo de conferir maior caráter bíblico a toda a pastoral da Igreja, é necessário que exista uma adequada formação dos cristãos. Nesse sentido, o mês da Bíblia constitui uma excelente oportunidade de contribuir para a formação do povo através do aprofundamento dos textos bíblicos, da Lectio divina, e das diversas formas de animação bíblica realizadas nas comunidades eclesiais durante todo o mês, por este motivo desejamos que a comemoração dos 40 anos do mês da Bíblia traga novo impulso às comunidades, motivando-as a continuar conhecendo, aprofundando e vivendo a Palavra de Deus. 
Para você refletir:
De que modo foi realizado o mês da Bíblia em sua comunidade nesses 40 anos? Que frutos trouxe? 
O que você entende sobre a animação bíblica da pastoral e como ela pode tornar-se concreta?