sábado, 30 de abril de 2011

FÉ MAL EXPLICADA


O amor é tanto que comemoramos anúncio, concepção, nascimento, momentos da vida, morte e ressurreição de Jesus. Também comemoramos concepção, nascimento, momentos de vida e morte de Maria, a mãe dele. Amor suscita memórias!
Quando tive chance de explicar a um desses irmãos aguerridos de outra igreja, expus o porquê desses nomes e dessas datas. Se ele se satisfez, não sei, mas parou de discordar. Aceito ouvir as explicações deles, mas quero o direito de explicar os meus porquês. Não sou um crente visceral; sou crente cristão católico que estuda. Por isso celebramos os mistérios e vivências de ontem e neles, nossos mistérios e nossas vivências.

1-Anunciação, a 25 de março, por conta do anúncio feito pelo anjo a Maria. Ela seria mãe de alguém especial. Está nos evangelhos.


2-Imaculada Conceição a 8 de dezembro, porque, para nós, o primeiro instante de uma vida é sagrado. O primeiro instante da vida da mãe de Jesus para nós e motivo de festa. Está na Tradição.

3-Natal a 25 de dezembro porque o nascimento de Jesus fez a diferença no mundo. Está nos evangelhos.

4-Natividade de Maria a 8 de setembro porque, se o menino que dela não foi um menino qualquer, ela também não foi menina qualquer. Está na Tradição. Além de festejarmos sua concepção imaculada festejamos seu nascimento.

5-Nossa Senhora das Luzes ou da Candelária no dia 2 de fevereiro; das Dores, dia 15 de setembro, um dia depois do dia da Santa Cruz porque ela estava lá aos pés do filho que morria. A iluminada é também iluminadora. Por isso, oramos a ela para que ore por nós durante nossa vida e na hora em que estivermos morrendo. Ela viveu isso com o Filho!
Durante o ano temos mais de 40 dias especiais, nos quais lembramos algum mistério da vida de Jesus ou da vida de Maria associada à de Jesus.

6-Ascensão alguns dias depois da Páscoa porque ali Jesus se despediu prometendo que voltaria, mas nunca mais foi visto com os olhos da carne.

7-Assunção, porque seremos todos levados para o céu, para onde não podemos ir por nossas próprias forças, mas lembrando que Maria morreu de morte bem mais serena do que a nossa e que, para ela o céu não trazia dúvidas. Foi passagem serena. Já tinha tido o céu no ventre. Nossa assunção é bem menos festiva. Morrer ainda nos assusta, isto porque não temos a correta dimensão de céu em nós.
Assim, as doutrinas e dogmas que cercam Jesus e seus santos, sobretudo Maria, para nós são festas maiores ou menores, a depender do enfoque devocional desta ou daquela cidade ou paróquia.

Pergunte a um católico devidamente instruído na fé e ele saberá responder porque  ora, a quem ora, como ora e porque celebra algum dogma ou acontecimento. Os que leem menos sabem menos. Mas está tudo lá nos livros oficiais da Igreja. Creio e sei porque creio, celebro e sei o que celebro.

Perguntei a um grupo de católicos atuantes qual a diferença entre ascensão e assunção e entre Nossa Senhora da Conceição e Natividade de Nossa Senhora. Tiveram dificuldade de responder. Em algum lugar de sua formação alguém se esqueceu de mergulhar nos porquês de nossa devoção.

Agiu coerentemente o pároco de uma ativa comunidade católica, quando escalou uma equipe de jovens para explicar em letras grandes num painel à entrada do templo, a cada festa, o que ela significava e, se fosse a vida de algum santo, o resumo de sua vida, atuação e pensamentos. A mesma equipe foi encarregada de colocar uma breve placa de explicação diante de cada imagem que havia no templo, com a corresponde citação bíblica. Resgatou conceitos e fundamentou suas celebrações.

Deixa a desejar a paróquia ou templo que por anos a fio apenas mostra imagens e celebra festas sem jamais explicar a catequese que elas expressam. Resultado: temos sido uma igreja mal vivida porque mal explicada!

 Por: Pe. Zezinho, scj

sábado, 23 de abril de 2011

É PÁSCOA


Estava morto, mas renasceu
                      foi só por três dias que ele morreu. O Senhor está vivo,
                                           Cristo ressuscitou...


O DUELO ENTRE A VIDA E A MORTE

 Por Leonardo Boff

Num dos mais belos hinos da liturgia cristã da Páscoa, que nos vem do século XIII, se canta que “a vida e a morte travaram um duelo; o Senhor da vida foi morto, mas eis que agora reina vivo”. É o sentido cristão da Páscoa: a inversão dos termos do embate. O que parecia derrota era, na verdade, uma estratégia para vencer o vencedor, quer dizer a morte. Por isso, a grama não cresceu sobre a sepultura de Jesus. Ressuscitado, garantiu a supremacia da vida. Como não cantar aleluia?

A mensagem vem do campo religioso que se inscreve no humano mais profundo, mas seu significado não se restringe a ele. Ganha uma relevância universal, especialmente, nos dias atuais, em que se trava física e realmente um duelo entre a vida e a morte. Esse duelo se realiza em todas as frentes e tem como campo de batalha o planeta inteiro, envolvendo toda a comunidade de vida e toda a humanidade.

Isso ocorre porque, tardiamente, nos estamos dando conta de que o estilo de vida que escolhemos nos últimos séculos, implica uma verdadeira guerra total contra a Terra. No afã de buscar riqueza, aumentar o consumo indiscriminado (63% do PIB norte-americano é constituído pelo consumo que se transformou numa real cultura consumista) estão sendo pilhados todos os recursos e serviços possíveis da Mãe Terra.

Nos últimos tempos, cresceu a consciência coletiva de que se está travando um verdadeiro duelo entre os mecanismos naturais da vida e os mecanismos artificiais de morte deslanchados por nosso sistema de habitar, produzir, consumir e tratar os dejetos. As primeiras vítimas desta guerra total são os próprios seres humanos. Grande parte vive com insuficiência de meios de vida, favelizada e superexplorada em sua força de trabalho. O que de sofrimento, frustração e humilhação ai se esconde é inenarrável.

Vivemos tempos de nova barbárie, denunciada por vários pensadores mundiais, como recentemente por Tsvetan Todorov em seu livro O medo dos bárbaros (2008). Estas realidades que realmente contam porque nos fazem humanos ou cruéis, não entram nos cáculos dos lucros de nenhuma empresa e não são considerados pelo PIB dos países, à exceção do Butão que estabeleceu o Índice de Felicidade Interna de seu povo. Mas estas desumanidades lançam ao céu gritos caninos dos famintos e sedentos, escutados praticamente por ninguém.

Recentemente, o prêmio Nobel em economia, Paul Krugmann, revelava que 400 famílias norte-americanas detinham sozinhas mais renda que 46% da população trabalhadora estadounidense. Esta riqueza não cái do céu. É feita através de estratégias de acumulação que incluem trapaças, superespeculação financeira e roubo puro e simples do fruto do trabalho de milhões.

Para o sistema vigente e devemos dizê-lo com todas as letras, a acumulação ilimitada de ganhos é tida como inteligência, a rapinagem de recursos públicos e naturais como destreza, a fraude como habilidade, a corrupção como sagacidade e a exploração desenfreada como sabedoria gerencial. É o triunfo da morte. Será que nesse duelo ela levará a melhor?

O que podemos dizer com toda a certeza é que nessa guerra não temos nenhuma chance de ganhar da Terra. Ela existiu sem nós e pode continuar sem nós. Nós sim precisamos dela. O sistema dentro do qual vivemos é de uma espantosa irracionalidade, própria de seres realmente dementes.
Analistas da pegada ecológica global da Terra, devido à conjunção das muitas crises existentes, nos advertem que poderemos conhecer, para tempos não muito distantes, tragédias ecológico-humanitárias de extrema gravidade.

É neste contexto sombrio que cabe atualizar e escutar a mensagem da Páscoa. Possivelmente não escaparemos de uma dolorosa sexta-feira santa. Mas depois virá a ressurreição. A Terra e a Humanidade ainda viverão.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Semana Santa

 Domingo de Ramos - celebra-se a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. É um avanço da Páscoa. Buquês tradicionais são os protagonistas. A primeira leitura da Paixão. Primeiras procissões populares. 

 Cohatrac III
Cohatrac III - São Luis/MA





















Segunda-Feira Santa - detrás do esplendor do domingo, a liturgia vem no auge da paixão após os últimos dias de "vida de Jesus. O Evangelho apresenta a história de Madalena, lavar e ungir os pés de Jesus com o escândalo de Judas. Ela inspirou alguns passos e procissões. 







Terça-feira santa - liturgia deles é caracterizado pela exaltação da Cruz, que é proposto como uma fonte de orgulho para os cristãos. O Evangelho da Missa deste dia é a Paixão segundo São Marcos. Em muitos lugares, o protagonista das procissões do dia é a cruz. 





Quarta-feira Santa - é o dia em que cumpre o Sinédrio (tribunal religioso judaico) para condenar Jesus... Este episódio é o que transformou o dia de jejum quarta-feira. Hoje é o primeiro dia de luto para a Igreja, que celebra Tenebrae, uma espécie de funeral pela morte de Jesus. As etapas e as procissões do dia refletem aumento no drama. 






Quinta-feira Santa - é, em Corpus Christi e da Ascensão, a primeira de três terças-feiras do ano do que o sol brilhar. É o dia em que celebramos a Última Ceia, Cristo instituiu a Eucaristia. É o dia da lavagem dos pés (sobre esta questão no Evangelho), cuidados especiais para os pobres, do amor fraternal. As etapas e as procissões são despejados nesses significados e começar a avançar, e à noite, o mistério da Sexta-Feira Santa. 


Sexta-feira - Hoje é o cerne da Semana Santa. É o dia do máximo de dor e morte de Jesus. É um dia de luto e não se celebra missa, mas um ritual de oração. Lemos da Paixão segundo João, rezamos por todas as causas em uma cerimônia contínuo de rebaixamento (Flectamus genua) e ascensão (Levate), e no centro da celebração é o culto solene da Cruz: "Eis que a madeira Cruz, que pendia a salvação do mundo. " "Vinde, adoremos". Hoje é o grande segundo dia de desfiles em que descarta o luto pela morte de Cristo e da dor de sua mãe.


SÁBADO SANTO - Este dia, não há culto oficial em si. É um dia de luto pela morte do Salvador. Continua durante todo o dia visitar os monumentos, a celebração da Cruz e de outras práticas piedosas. Começa ao anoitecer a grande Vigília Pascal, que em sua primeira parte (a bênção do fogo novo e da água, leituras, ladainhas, profissão de fé e batismo) é mais propriamente o sábado santo, mas Gloria. Missa solene, com campainha e cheio de burlesco, corresponde à celebração da Páscoa da Ressurreição.  




Domingo de Páscoa - começou na Vigília Pascal, que é sempre após 12 horas da noite de domingo de manhã cedo, dura toda a manhã. Realizada novamente ao meio-dia uma missa solene para o Domingo de Páscoa. Aleqh anestesia Cristovo  (Hristo anestesia Alez), na verdade, Cristo ressuscitou. Essa é a saudação de Páscoa na Igreja. 




PÁSCOA, PÁSCOA DO SENHOR, É A RESSURREIÇÃO DO HOMEM TAMBÉM...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Quaresma de Maria

A introdução da Quaresma no calendário litúrgico é acontecimento muito posterior àqueles últimos dias de Jesus.  Contudo, tal como a Quaresma é hoje para nós tempo de preparação para a celebração dos mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, podemos imaginar que Maria também viveu um tempo em que – mesmo não sabendo precisar o que iria acontecer – preparava-se para algo diferente, pois tinha total conhecimento sobre as congruências do trabalho que seu Filho.

A relação de Jesus com Maria era especial.  Mãe e filho eram unidos não só pela condição familiar, mas pela fé na Missão que o Pai lhes confiara.  Pode-se, então, imaginar longas conversas entre os dois, nas quais ora um, ora outro, desvendavam as entrelinhas das Escrituras e entravam mais e mais no Mistério de Deus.  Conversas que também tratavam do mundo terreno, das ações de Jesus, de seus resultados efetivos, de suas dificuldades e de suas possíveis consequências. As leis terrenas da época de Jesus previam graves punições, e, a mais terrível delas, que era a morte na cruz. E os dois sabiam que isso poderia acontecer.  Jesus já havia anunciado aos apóstolos que passaria por um grande sofrimento e é óbvio pensar que também já deveria ter prevenido Sua mãe sobre isso.

Maria, por sua vez, conhecia seu povo, conhecia a maldade e a dureza dos corações dos poderosos e sabia o que poderiam tramar contra seu Filho.  Maria sabia que pode perder seu Menino e que a dor lhe chegará ao coração.  Talvez se lembrasse constantemente das palavras de Simeão e Ana quando esteve no Templo para oferecer os sacrifícios a Deus.  Talvez se lembrasse da perseguição em Belém e da vida no Egito.  Talvez se lembrasse de tudo o que os profetas anunciaram sobre o Messias... Maria, como hoje os fiéis o fazem, também se preparou para enfrentar aqueles dias dolorosíssimos que chegariam e que arrasariam seu coração de mãe.

Mas, certamente, Ela também haveria de se lembrar das promessas que Deus fizera a seu povo. Portanto, sabia que Deus lhe seria fiel.  Deus lhe concederia a força necessária para compreender os momentos que estavam por chegar e que não seriam facilmente compreensíveis aos olhos humanos.  Deus estaria ao seu lado, seria o seu sustento e o seu amparo.  Essa é sua única certeza – e somente essa pode ser a certeza atual diante do sofrimento incompreensível e do silêncio que cerca o período que antecede a celebração da memória da Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo.

Que possamos nos preparar com Maria para os Mistérios que se aproximam: com certezas, com confianças, com o olhar a ver o invisível.

Autora: Gilda Carvalho